O FAZER POÉTICO
A poesia está à procura de alguém
Que lhe entenda e lhe faça feliz
Que sofra consigo o amargo da vida
Que desfrute também das surpresas vindouras
A poesia precisa de alguém
Que olha no espelho e contemple a si próprio
Alguém que se atire para dentro dela
E diga estou contigo e não abro
A vida é bela
Mas o poeta está como a raiz de uma terra seca
A vida é colorida, mas está pálido,
Sentindo a falta de sua amada
Como o poeta irá caminhar?
Se não pode calçar os sapatos da esperança
Como irá amar?
Se não consegue descobrir os segredos deste
Inexplicável sentimento!
Como irá falar, se lhe faltam palavras inspiradoras?
A poesia clama pelas ruas, grita nas caladas da noite
A poesia canta nos bares da vida, na vida dos bares
De seus visitantes, de seus famigerados visitantes
O poeta se encontra com ela, os dois se abraçam
A poesia se dirige às escolas
À procura do coração das crianças
Querendo a alma da juventude
Ansiosa pela experiência dos mais velhos
Ela bate à porta da casa mais humilde
Chega aos mais suntuosos palácios
Às esquinas, às favelas, aos morros
Ela clama para que não seja sufocada
Pelo cansaço e fatigado lirismo namorador
Pela opressão do rigor da métrica
Pelo radicalismo aportuguesado das rimas
A poesia meu caro leitor, quer LIBERDADE!
Vadecir dos Santos
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