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A vulnerabilidade da natureza humana
Valdecir dos Santos




É natural (quando não deveria ser) entre a maior parte das pessoas, procurarem eximir-se de suas responsabilidades, principalmente, quando estas podem vir comprometê-las, haja vista a grande dificuldade de a Justiça encontrar culpados para os mais variados crimes praticados e, também, porque faz parte da índole humana, desde a infância, negar quando lhe é questionado sobre algo que fez. Examinando as Sagradas Escrituras encontrei, no Livro de Gênesis, uma passagem que fundamenta de forma, clara e objetiva, aquilo que hei de ponderar nestas, poucas, linhas. Trata-se de um episódio entre dois jovens chamados Caim e Abel. O primeiro lavrador, plantava, colhia, exercia, na terra, seu ofício, seu trabalho enquanto Abel, seu irmão, era pastor de ovelhas.
“Não sei; acaso sou eu tutor de meu irmão”? Foi desta forma que o jovem Caim, cujo coração era mal, respondeu à sábia pergunta do Criador: “Onde está Abel, seu irmão”?
( Bíblia Sagrada, Gênesis 4:9.)
Assumir a culpabilidade diante de fatos, situações ou ações praticadas não é uma tarefa fácil, principalmente, quando se vê pela frente um grande preço a ser pago, torna – se mais cômodo imputar, negar ou omitir a assumir a triste tarefa de encarar a sociedade, a justiça, o juízo e a realidade que mais se parece um sonho.
É natural não querermos contrair a responsabilidade quando percebemos que, dependendo da atitude que assumamos, tal postura pode nos remeter a aceitação da culpa pelos danos causados.
No momento do crime, Caim tenta fugir da presença de seu Criador, não assume a responsabilidade do tal ato praticado e, procura justificar a ausência, ou falta de seu irmão, respondendo ao Senhor com outra pergunta quando Deus lhe questiona sobre o paradeiro de Abel.
Certamente os motivos, ou causas daquele assassinato, segundo o Livro Sagrado, foram: inveja, ciúme, rancor, mágoa, ressentimento, pois, Caim era um sujeito prepotente, arrogante, invejoso e, no momento que se dirigiu a Deus para oferecer a oferta que havia retirado do campo, os frutos colhidos da terra, o Senhor não os aceitou, por esta razão, o homem ficou muitíssimo irado, consequentemente fora advertido pelo Onipotente, que disse: “o mal está à porta do coração do ser humano, porém, este deve dominá-lo”.
É óbvio que não, exatamente, com estes vocábulos, mas com o objetivo de mostrar às pessoas que diante dos problemas e das dificuldades devemos refletir sobre nossas ações e os danos que elas, se forem praticadas, poderão causar a nós e à sociedade. Segundo Rousseau, o homem nasce bom, contudo em sua convivência com as outras pessoas a sociedade o transforma em um ser ruim, já o pensador Hobbes afirmava que o homem nasce mau, porém a sociedade vai se responsabilizando pela transformação dele em pessoa de bom caráter.
Certo garoto chegou para um sábio e lhe apresentou um pássaro e disse-lhe: ___Irei esconder esta avezinha atrás e, com as mãos, irei segurá-la. Depois de alguns minutos quero que você me responda se a ave está viva ou morta. O sábio parou um pouco, prestou atenção, e pensou: ___Se eu responder que está viva ele a mostra viva e se eu responder que está morta, ele aperta-lha o pescoço e ela morre. Então respondeu ao garoto: ___Eis que a vida e a morte estão em suas mãos.
Não irei, aqui, defender este ou aquele pensador, mas ater-me-ei às palavras: bom e mau, vida e morte. O ser humano deve ser responsável e responsabilizado pelos atos praticados, na maioria das vezes, muitas decisões, por nós, tomadas são advindas de situações mal resolvidas, falta de diálogo, respeito mútuo, etc., As pessoas precisam aprender a se controlar, a ter domínio próprio, a dominar seus impulsos, a valorizar mais a vida. Na maioria das vezes, nós procuramos os problemas e, após estarem formados, somente os causadores têm a possibilidade de resolvê-los, portanto, cabe a nós a decisão de promover um desfecho ou não àquela situação.
Quando Abel se aproxima do Criador para oferecer-lhe a oferta, diz as sagradas escrituras que O Senhor se agradou dele e de seu sacrifício porque o jovem era bom.
A escolha do Onipotente pelo sacrifício daquele pastor de ovelhas fez com que Caim obtivesse certo ódio de seu irmão, e num sentimento de inveja, desse cabo a vida da vítima. A partir de então, começa uma longa e triste história envolvendo àqueles jovens.
É notório que a traição foi uma das ferramentas aplicadas neste episódio, já que o homicida preparou uma cilada, convidando seu irmão para ambos se dirigirem ao campo e, lá, o assassinou.
Convencionou-se, ao longo do tempo, através de ensinamentos e culturas herdadas de nossos pais, mestres, doutores, ensinadores, etc., que somos seres racionais, dotados de inteligência e razão, que temos postura, ética e, devemos respeitar às pessoas, principalmente, aos mais velhos, desde pequeninos fomos ensinados na escola, na igreja, enfim, na sociedade onde convivemos a partilhar o que temos e não o que sobra, a sermos hospitaleiros, a ajudar ao próximo, a sermos honestos, e obedientes aos pais, no entanto, intrigante é compreender que seres tão racionais, pensantes, inteligentes, coerentes, moralistas se prezam a matar, estuprar, roubar, com o sem, auxílio da tecnologia. Numa corrida desenfreada da busca ao poder, à fama, ao dinheiro, à manutenção aos vícios, o ser “humano” se torna capaz de destruir a si e a seu semelhante e, ainda diz: sou humano dotado de inteligência e raciocínio.
O hábito de alimentar ao superego, na maioria das vezes, impede que o diálogo prevaleça e seja a principal ferramenta para se tentar resolver conflitos, pois a incompreensão predomina, a vida perde o valor, torna-se banalizada, a razão assume partido, lado e, nesta guerra de poderes, quem pode mais sofre menos.
Assim a violência vai se tornando uma roda-viva que conduz boa parte da sociedade a rumos e lugares ignorados. Instrumento que, por inúmeros fatores, tem vitimado multidões.



Biografia:
Valdecir dos Santos – Docente na Rede Estadual de Ensino de MS Pós-Graduado em Língua e Literatura Professorvaldecir.santos@gmail.com
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