Ópio de uma Nação
Lugar de grandes belezas
Terra linda por natureza
Que a um povo heróico e bravo
Honrarias lhe são devidas
Na terra de Santa Cruz
Onde um dia brilhou a luz,
A clara luz da liberdade,
Liberdade pra sonhar,
Pra viver e pra vencer
Liberdade pra morrer
Terra esta tão bela e terna
Onde os seres são libertos,
Mas, pra que tal liberdade?
Não podendo eu exercê-la?
Com ela morro de fome
Numa aldeiazinha qualquer
Sem ela morro de dor
Por perder um filho numa constante
Guerra no Rio.
No taciturno combate,
Almas sem mais suspiros
Descansam pelas calçadas,
Seus corpos ardem em chamas
Nas caladas madrugadas
E, imploram pelo amor
Que tal ato de crueldade
A elas não se façam
Mas, o ignaro malfeitor
Não ouvindo o clamor
Na obscuridade do sentido
Age sem nenhum temor
Indagado por tal ato
Responde sem dizer nada,
Segundo seu coração,
Mendigos e índios são nada.
Terra de contrastes e coisas mil
Enquanto uns sorriem, outros choram
Poucos têm muito, muitos quase nada,
Nada... nada... Nadam, nadam e morrem
Na praia de amargura e ilusão
Ó filho do Rei dos mares!
Terra de terras, de muitas terras,
Terra de águas e de água escassa
Terra de felicidade para alguns
E de facilidade para muitos
Que engodam minha mãe gentil,
Minha nação,
Que no óbice da lida, na epopéia da vida
Desgasta-se à serviços mil
Terra de futilidades... fatalidades...
Pesadas e exuberantes mesadas
mensalinho... MENSALÃO!
Que nada, isso não é nada, não!
È folclore! Dizia um experiente cidadão
E o meu irmão? E a nossa nação?
E o pão nosso de cada dia?
Quantos famintos de mesa vazia!
Terra de verdes matas acinzentadas,
Amarelo do ouro que já se foi,
Céu azul de anil, poluído por falta de atitude
E o branco escarlate pelo sangue de um povo guerreiro
esforçado e ditoso
Que clama pela paz
Ele, que na pujança dos próprios braços
Contra o duro e infiel encalço foi escravizado por ti.
Convido-te, agora, insana consciência
A sair do inconsciente, e num brado audacioso de amor ao nosso povo, dizer:
Te amamos Brasil!
Valdecir dos Santos
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