Filho meu,quem pudera
transformar em realidade esta quimera.
Dar-te o que tu queiras, sem espera.
porém o que desespera,
é rodar e rodar,
a circundar a esfera,
desta minha vida torpe e rotineira.
As dobradiças emperradas,
das portas dos corações tão fechadas.
As algas luminares de um mar,
que já não molha minha alma,
e apesar dos pesares,
nas noites de insônia
vem me roubar a calma.
Oh filho! Quem pudera,
dar-te o que mais queiras,
assim,desinteressadamente,
para ver-te contente,
pleno de alegria,
e que um sorriso teu,
aqueça a alma minha,
de a tempo tão fria,
e arranque de meu peito
esta torpe e brutal melancolia.
AH FILHO! QUEM PUDERA,
dizer numa frase rotineira,
quanto me desespera,
não poder modelar esta quimera,
e fazer-lhe palpável,verdadeira.
É por puro egoísmo,
que num mundo de sonhos eu me abismo.
E NA LUTA QUOTIDIANA,
pensando só no lucro material,
me vem as vezes uma febre insana,
que rasga meu coração como um punhal.
OH! LOUCO DESEJO DE ESCAPAR,
do cerco trivial do dia a dia,
e como um pássaro poder sobrevoar,
O RUBRO ESPAÇO DE MINHA REBELDIA.
Guilherme Percello
São Paulo,17 de Março de 1987
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