O velho
Uma tarde escura com nevoas, que vinham das montanhas, no meio delas eis que surgiu um velho, ele caminhava de vagar com ombros pesados, andava arrastando uma perna.
Muitos pararam perante a ele, sem disfarçar seus espantos e rejeição pelo desconhecido, que fazia uma aparição de um mendigo.
Muitos ficavam com reseio de sua aparência rústica, para outros ele era somente um senhor abandonado pelo tempo.
Uns saíram da sua frente abrindo passagem, uns o encaram mostrando que ele não era bem vindo, uns sussurram indignação, outros apenas o observaram.
Ele com seu olhar vazio seguia pela estrada que era estreita, não olhava para ninguém, só caminhava com sua dificuldade.
O velho continuada devagar, mas caminha mesmo com sua lentidão, quando andava arrastava seu casaco que já estava desfiado e empoeirado pelo chão.
Um homem que queria se destacar perante a multidão, interrompeu a caminhado do homem velho, se plantou a frente dele que foi obrigado a parar, o jovem sorria olhando a condição do pobre senhor que não reagia às provocações.
Como o pobre velho não respondeu o jovem o chamou de covarde, e continuou a sorrir de seus feitos.
O velho não olhou nem uma vez para quem o humilhava com palavras tão desrespeitosas, estava focado na estrada que parecia tão cumprida e cada hora ficava mais estreita.
Depois de debochar do homem velho, o jovem saiu feliz por achar ter causado medo ao pobre viajante.
O velho não se importava com provocações, para ele o jovem era apenas um menino desrespeitoso, que não o incomodava, umas palavras de baixo calam, uns insultos não eram absolutamente nada, a quem já havia atravessado cidades de espada em punho, cortando cabeças de agressores cruéis.
Palavras e gestos obscenos, a quem já presenciou violências e torturas jamais imagináveis por um jovem desta maravilhosa época.
Se seus pertences fossem roubados não fazia a menor diferença, quem tinha perdido seu bem precioso, sua mulher e filhos ao inimigo que nem mesmo conhecia.
O jovem negou água a ele, mas ele não se importou, pois antes já haviam negado muito mais, negaram muitos dos seus sentidos, o direito de chorar, de ter medo, frio, amor, e ate mesmo o ódio, negaram ate o direito de pensar.
O jovem em sua falta do saber pensou causar algum espanto ao viajante, que já não se importava com coisa tão poucas, sabia que tudo era tão insignificantes, insignificante perante sua intensa e sofrida vida.
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