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meu crime
Regina

18 /10/2030
Meu nome e Juca, hoje é meu julgamento, meu advogado me mandou um torpedo garantindo que tudo ficaria bem, mas não tenho tanta confiança nisto.
Ninguém mais entra no meu face... Não postam nada pra mim, não compartilham nada comigo.
Fui abandonado pelos meus amigos de toda rede social, até minha família estão off, fui bloqueado por todos.
Estou preso e abandonado, sei que fiz coisas terríveis, mais ninguém ouviu o porquê de meus erros.
Vou lhe contar como tudo começou.
Cheguei do trabalho cansado, quase não tive forças para ligar meu PC, minha internet estava lenta devido o excesso de pessoas online.
Abri meu email, e lá estava o começo de minha destruição, minha namorada Lú estava indo pra São Paulo de vez.
Foi um mês triste, eu continuei lendo meus email, MSN, curtindo suas postagens no face..fielmente, até que ela não me mandava mais torpedos mesmo, não curtia meus comentários e finalmente mudou seu perfil, nas fotos não tinha mais meu rosto, e seu status de relacionamentos de comprometida estava para solteira.
Tive vontade de postar suas fotos de quando ela era uma adolescente gordinha e com espinhas, mais seria bullying.
Fiquei triste, parei de falar com meus amigos na internet, parei de curtir as pequenas bobagens que meus amigos postavam, fui me afastando de tudo.
Um dia depois do trabalho entrei no face..e me deparei com um pedido de amizade, era a Joana Fonseca.
Depois de ver seu perfil cliquei e aceitei.
Todo dia eu falava com ela, era muito divertido, o tempo passou, mudamos nossos status para comprometidos.
Minha vida era boa como de todo mundo, email, MSN, twitter, facebook, e outros.
Um dia achei um livro no sótão da minha avó, ele contava historias de como as pessoas viviam antes.
Fiquei obcecado pela historias de vida destas pessoas antigas.
Quando contei pra Joana, ela ficou preocupada de saber que eu lia livros de papel, e gostava de plantas sem serem sintéticas, gostava de fazer pesquisas como as pessoas se comunicavam antes.
Um dia não liguei meu computador, no outro escrevi uma coisa chamada carta, e mandei pra Joana.
Foi quando percebi que no escritório ninguém conversava, no intervalo do trabalho eles ficavam no celular, nos tablets, senti que eu não era mais como eles.
Fui ate o trabalho de Joana, esperei por ela.
Até que uma garota linda apareceu, era Joana só que mais velha, suas fotos no facebook eram antigas, gostei dela mesmo assim.
Tomei coragem e fui falar com ela, Joana ficou me olhando como se eu fosse um assassino perigoso, só não saiu correndo gritando socorro, por estar em publico, deu a desculpa de estar na hora do trabalho e marcou falar comigo depois.
Mais tarde me mandou mensagem dizendo que eu estava ficando estranho, que eu lia livros de papel, e que esta minha vontade de conversar com ela pessoalmente era loucura, que eu estava obcecado por ela, que era pra eu parar, eu tentei explicar que só queria conhece lá, que isso era o que as pessoas faziam antes, ela desligou.
No dia seguinte tinha uma intimação no meu PC, eu li e não acreditei, Joana tinha dado queixa de mim.
Fui ate o fórum da cidade, o juiz apareceu em uma tela , me mandou pra esta prisão com portas eletrônicas de raios ultravioletas para que eu não fugisse, alegando perseguição a uma colega online.
Mesmo preso aqui esperando outro julgamento, mandei uma mensagem a Joana pedindo que ela leia o livro que lhe dei, ela me respondeu que não pode ficar com este tipo de coisa em casa.
Depois de uma semana ela me mandou outra mensagem, que gostou do livro, mas não poderia tirar a queixa, pois sua família me achava perigoso, por querer vela pessoalmente.
Finalmente me chamaram para receber a sentença.
Vou cumprir pena em liberdade, alem de pagar 2G no pendrive, tenho que ensinar idosos como escrever no PC, mandar email e tudo mais, não posso enviar mensagens pra Joana durante seis meses, mas achei um lápis, e com ele escrevo a tal da carta em um papel e mando pra ela, estamos vivendo assim não conto pra ninguém estas coisas estranhas que tenho vontade de fazer, ler livros de papel amarelados pelo tempo, namorar a Joana pessoalmente.
Eu escrevi um bilhete pra ela em um lenço de papel, pedindo que ela venha me ver na pracinha, onde os idosos jogam damas, pra que ela não fique com medo de mim.
Minha família já fala comigo no skype, já me mandam mensagens, eu estou fingindo que fico em casa no PC o dia todo, mais faço caminhada, rego flores e plantas, mais se alguém me ver cultivando este tipo de coisa e cadeia sem perdão.
Estou aqui na praça, cada idoso esta com seu notebook jogando online, nada da Joana aparecer, acho que ela tem medo de pessoas reais, no PC ela gosta de mim.
Caminhei ate a rua, foi quando uma voz sem ser por microfone me chamou, eu me virei bem de vagar e ela estava La, foi este meu crime, ler de mais livros velhos de papel e querer namorar a Joana pessoalmente, sem photoshop.
Fim.
Regina




Biografia:

Este texto é administrado por: Hilza Regina Durei
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