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Quando a morte vem
Regina

Quando a morte vem
Era de madrugada, a casa estava em silêncio e assustadora, João tinha dormido a final, nos últimos dias sofria para pegar no sono e acordava cansado.
Parecia um sonho, um sonho que alguém batia na porta, era uma batida leve, como se quem batesse não quisesse ser ouvido.
A porta rangeu se abrindo, ouviu se vozes quase sussurradas, logo depois alguém chorava, havia alguma coisa errada, adultos não são de chorar por qualquer coisa.
João esticou o pescoço mesmo deitado, para identificar de quem eram o choro, estava difícil de saber, a mãe tinha muita coisa da avó, a aparência, a voz, e até mesmo o choro dava para se confundir.
Ele ficou compadecido pela mãe, mas não se levantou, não queria participar do acontecido, não sabia o que fazer quando sua mãe deixava de ser mãe e chorava, era triste e doloroso, ver quando isso acontecia, nestes momentos João se sentia só.
Pensou em ficar de olhos fechados, seria apenas um sonho ruim, acabaria quando acordasse, mas já estava acordado e a mãe realmente chorava.
Passos em direção a sua porta, seu coração disparou, sua respiração parou, estava ficando sufocado, a porta se abriu de vagar, uma sombra se aproximava lentamente arrastando os chinelos, sentiu uma mão em seu ombro, era uma mão leve e cuidadosa, era a mão que ele gostava de segurar.
A voz da mãe ainda afetada pelo choro o chamou, chamou o filho com delicadeza, João queria fingir estar dormindo, mas não poderia fingir por muito tempo, não se virou para ver a mãe, somente segurou seus dedos que agora apertavam seu ombro magro e frágil.
Ele ficou parado sem se virar e ela continuou a segura- ló, falou seu nome novamente, foi que João viu que não tinha mais como fingir estar dormindo, se virou e viu o rosto da mãe brilhando com a luz fosca do abajur.
Ela olhou o filho que agora estava a encarando, ela somente o abraçou e sussurrou em seu ouvido, enquanto sussurrava apertava mais e mais seu abraço.
João não disse nada e também se agarrou a mãe chorando, um choro baixo e tímido, pois na em sua porta estavam pessoas que olhavam direto para ele.
João tinha ficado sabendo que a morte tinha passado em sua família, e levado um dos seus, ele sentiu raiva por isso, sentiu vontade sair na rua e gritar com a morte, ou gritar com Deus, ele não sabia ao certo com quem se queixar.
Ficou parado segurando a mão da mãe, e assim passou os últimos acontecimentos, no velório, mesmo depois do cemitério permaneceu agarrado na mão dela, se a morte ainda estivesse na espreita teria de passar por ele antes de chegar até sua mãe.
No dia seguinte João acordou exausto, como se tivesse levado uma surra, não que ele soubesse o que era levar uma surra , pois nem mesmo de castigo ele ficava, era muito obediente e sempre defendido pelo pai, o pai que não estava mais ali, teve um estante que João fechou os olhos, e pode vê-lo entrar em seu quarto com um pulo, para que o filho se assustasse, era uma pessoa muito brincalhona e boba, era assim o homem que tinha sido escolhido pela morte, neste momento João teve vontade de jogar o álbum de foto na parede, mas não teve coragem de fazer, o pai não gostava de ver o filho se expressar desta maneira.
Sua mãe se aproximou de vagar e sorriu olhando a foto começou a contar o porquê dos sorrisos e caretas do marido, que sempre fotografava tudo.
João ouvia com muita atenção cada palavra que a mãe dizia a respeito do pai , e dos acontecimentos de sua estadia na terra, se o pai gostava de registrar a vida com fotos, ele queria registrar a vida com memórias, seria seu primeiro registro, a vida feliz e curta de um homem que foi um bom filho, bom marido e um bom pai, e misteriosamente tinha sido visitado pela morte.
João andou pela casa enquanto a mãe dormia, viu quando o pai apareceu no meio da sala, por um instante o garoto ficou com medo, mas sabia que era apenas sua imaginação, e firmou seu olhar na imagem que era tão real, mas seus olhos o traíram, João piscou e viu o pai acenar sorrindo, e a imagem se desfez e sumiu, o garoto ficou ali parado sem reação, depois andou em direção à mesa, se sentou pegou um caderno de capa dura e escreveu, em memória , em memória do homem que a morte levou.





Biografia:

Este texto é administrado por: Hilza Regina Durei
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