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O jantar sofisticado
Regina

Narrativas dos meus dias bons e ruim
Parte4
                                                                  
        O cheiro do café da Nane estava entrando no quarto, mesmo de olhos fechados eu podia sentir que um raio de sol invadia o quarto, também podia sentir que Carmen estava me olhando, tentei continuar fingindo dormir, mas aquilo estava me deixando irritado, ela sabia que eu não gostava de ser observado, por isso ficava ali parada me olhando, sabia me provocar ao abrir um olho constato que me olha com um sorriso safado, eu perguntei o que ela queria, ela ficou contente por eu ter acordado, me deu bom dia toda feliz, era irritante ver gente feliz de manhã, ainda estava com sono e sempre estava com a sensação que não tinha dormido o suficiente.
Enquanto me arrumo, Carmen fazia suas previsões para o dia, dizia tudo que ia fazer, tinha o dia já terminado mentalmente, logo disse que hoje era o jantar que a gente, quer dizer ela, iria oferecer a uma amiga que era uma moça rica muito sofisticada, a tal amiga que estava na casa de Rebeca, logo pensei porque elas não faziam este jantar la mesmo e pronto, que mania de comer na casa dos outros, era a amiga sofisticada que iria fazer o jantar sofisticado pra gente, foi o que entendi, porque de tanta arrumação, a cozinha tinha de estar a altura da tal amiga, vinha todo mundo da casa de Rebeca, tia de Carmen, que era quase de sua idade , por isso cresceram juntas eram como irmãs, o avô de Carmen era um velho assanhado e teve Rebeca com uma mulher uns vinte anos mais nova que ele e logo morreu, e a filha teve que vir morar com Marisa minha sogra que pelo incrível que pareça me adora e me trata como filho, pra completar minha dose de alegria na vida, isso incomoda muito a Carmen .
Fim de tarde, o dia tinha sido uma tranquilidade, mas parece que Carmen adivinha isso, ligou pedindo coisas, era pra eu passar no mercado comprar um molho pra alcachofras, disse que no mercado do lado de minha loja tinha, primeiro que minha loja não era perto do mercado , foi no tal mercado que não tinha molho algum, os funcionários eram mal educados nem verificaram se tinha e logo disseram que não, com aquelas caras de humor de quem ganha pouco.
Pensei em qual mercado ir pra comprar o tal molho, tinha que ser em um mercado mais sofisticado, esta palavra não saiu da minha cabeça o dia todo, essas coisas não tem em qualquer mercado, se essa alcachofra fosse uma coisa boa de comer não precisava de molho, uma coisa cara desta não se garante sozinha, quando cheguei ao outro mercado não estava cheio, logo pensei que seria bom ter dinheiro e só comprar nestes lugares, não tem muita gente e um lugar caro e ninguém tem dinheiro nesta cidade, olhei os preços achei tudo um absurdo o dobro de onde a gente vai sempre comprar, a qualidade era a mesmo só que não tinha ninguém respirando meu ar, nem ocupando o mesmo espaço.
Não achei o que Carmen queria, então cai na besteira de perguntar pra uma funcionária, ela não sabia me informar era típico, mas eu já sabia que era assim, você pergunta e eles nunca sabem porcaria alguma, depois chamam outra pessoa, você pensa agora vai dar tudo certo vou falar com o especialista, e esta outra consegue ser menos informada que a primeira que já estourou o limite de mais desenformada do mundo, ai sim aparece outra pessoa, esta faz cara de que sabe resolver os seus problemas, lhe diz que o que você quer esta em falta.
Eu já estava com raiva da mocinha que foi buscar o especialista, quero dizer a outra moça, mas a outra moça que era ate simpática estava com o vidro do molho na mão, eu fiquei até envergonhado de ter tido esses pensamentos de raiva dela antes mesmo de conhece la, agradeci e tentei ser simpático, até ver que tinha uma porcaria de fila, não tinha ninguém a dez minutos e agora tem essa gente toda, o mercado era caro e o povo diz que não tem dinheiro, que merda de cidade que já não tem mais lugar nem espaço, de um minuto para o outro o monstro tomou conta de mim, já fiquei com raiva, mas não demonstrei, o celular tocou eu respirei pra atender, era Carmen e se ela dizer que estou demorando eu nem sei o que eu faria com minha raiva, mas ela foi tão fofa disse que ainda era cedo para o jantar que estava me aguardando, eu acho que ela e vidente sabe quando vai sobrar pra ela.
Acalmei-me e a fila andou, sai do mercado cansado e com fome, fui direto pra casa, quando cheguei todos já estavam la, eu falei com todo mundo e entreguei o tal molho pra alcachofras nas mãos de Carmen, o jantar demorou e minha fome aumentou.
Finalmente o jantar foi servido, todo mundo elogiando as alcachofras eu não comia essas coisas, mas estava com expectativa pra provar, afinal foi trabalhoso ir procurar o ingrediente especial, eu me preparei pra provar sentir o sabor desta coisa cara, foi quando Percebi que não tinha gosto de nada, o molho e as alcachofras também, não gostei e tive que comer aquela comida boba mal temperada, me veio à mente a carne moída que vi abandonada na geladeira, também tinha um pãozinho que estava solitário no cestinho encima da mesa, mas ninguém falava em ir embora foi que tive uma ideia peguei meu celular e apertei no automático que era o numero de casa, corri atender fingindo que falava com um cliente, então eles tomaram a decisão de irem embora, eu disse para o meu cliente imaginário que esperasse um estante, e me despedi de todos numa rapidez, assim que eles saíram e a porta foi fechada eu corri pra cozinha, Carmen veio toda falante e disse que eu estava esquecendo o rapaz no telefone, eu disse que não era ninguém que eu só queria que eles fossem embora pra que eu pudesse comer, achei que ela iria falar mal e implicar com meu pãozinho com carne, ela teve a coragem de me pedir um pedacinho, que simplesmente neguei.


Biografia:

Este texto é administrado por: Hilza Regina Durei
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