- TEM que dizer apenas a verdade. Promete?
- Vou dizer a verdade.
- Senão posso mandar te prender...
- Não acabei de dizer que vou dizer?
- Viu o assassino?
- Não.
- Como ele era?
- Se disse que não vi...
- O que sabe sobre este crime?
- Era por volta de onze horas da noite. O homem que saía da casa tinha uma cicatriz no lado esquerdo da cara...
- Você não disse que não viu o assassino?
- Mas eu não disse que ele é o assassino...
- ...
- Quer dizer, é provável... os criminosos costumam ter cicatrizes na cara.
- Mas você também tem uma cicatriz no rosto...
- Foi de uma briga.
- A é? E quando foi isso? O que aconteceu?
- A gente não está aqui pra falar do meu caso...
- Ah.
- Ele também tinha uma tatuagem enorme no ombro direito.
- Agora vai dizer que os criminosos também costumam ter tatuagens nos ombros?
- Claro que não. Eu também tenho uma tatuagem no ombro, olha...
- E você não é um criminoso?
- Só disse que me envolvi numa briga...
- Bem, o assassino, quer dizer, o provável assassino, ou seja, o homem que você viu, ia saindo da casa por volta de onze horas da noite...
- Não sei se saía ou entrava...
- Afinal, saía ou entrava?
- Não, entrava...
- Mas você não disse que saía?
- Agora me lembrei que entrava. Sair foi depois...
- E depois?
- Lá dentro discutiram.
- Quem?
- O homem que entrava com o homem que estava lá dentro da casa...
- Como sabe que tinha um homem lá dentro da casa?
- Porque eu entrei na casa...
- Você?!
- Também.
- Vá em frente.
- Aí começaram a brigar.
- Hum!
- O provável criminoso atirou. Depois saiu da casa.
- E você?
- Também saí da casa.
- Então está preso.
- Quem, o provável criminoso?
- Não. Você.
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