Eu queria tê o dom e a distreza
do autêntico rimadô, do cordelista,
que cantô com prefeição, graça e beleza,
os encanto da nossa mãe natureza,
a vida simples, os drama dos nortista.
Se eu tivesse a sabedoria, a grandeza
do poeta que nasceu lá no Assaré,
minhas rima, meus verso, com certeza,
iam mostrar, com verdade e singeleza,
a vida do sertanejo como é.
Ah, se eu tivesse desse bardo a nobreza!
Pois embora fosse sertanejo rude,
com munta sensibilidade e leveza,
do nordeste cantô as mágoa, as tristeza,
como quem tange as corda dum alaúde.
Patativa do Assaré fez munta proeza,
nunca estudô em escola ou faculdade,
num foi dotô, viveu sempre na pobreza,
mas seus verso do sertão tinha a aspereza
e das noite de luar tinha a saudade.
Eu queria tê o dom e a distreza
do autêntico rimadô, do cordelista,
que cantô com prefeição, graça e beleza,
os encanto da nossa mãe natureza,
Patativa do Assaré, o nobre artista.
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