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(O)Dor de um escritor leviano
Engana-te no teu engano.
Matheus Gomes Alves

Sinto um odor desagradável. Algo parecido com os odores dos ratos quando morrem, com os odores dos besouros quando param de bater as asas, com os odores das mariposas quando não mais podem cantar felizes e com os odores das corujas que sofrem a solidão dos mais diversos matizes. Algo parecido com odores humanos. Não deve ser nada importante.
        Depois de um dia tão cheio na escola, o mais sensato seria deitar-se no chão. Estava gelado, duro, quente como o inverno e frio como os corações humanos. Ainda sinto odor. Odor forte. Lúgubre. Feroz. O que poderia ser? Largo a mochila e tento ignorá-lo. Aparentemente, consigo. Sou jovem. Não me abato por besteiras. Fecho os olhos e tento dormir. Tento partir... A minha blusa, ao meio, numa vexatória e niilista tentativa de me despir. Não é boa idéia. Pode chegar alguém. Mas, estou tão cansado... Besteira.
     O chão está bom. Por mais que não tenha a lógica dos quadrados, tem a lógica dos pontos. Cada ponto extremamente pontual com o dito odor. Aposto que, se tivesse uma cor, seria esta. Besteira. A esperança nunca morre! Nem Clarice Lispector! Oh, quanto tempo que não leio esse conto! Devo estar enlouquecendo, ou, então, aquecendo o meu cérebro cansado. Besteira.
     Pego a coletânea que estava ao meu lado. Folheio-a. Arremesso-a ao outro lado da sala. Besteira. Penso em como foi o meu dia. Feliz, triste? Alegria, ousadia? Não. Possivelmente, mais-valia. Sou explorado por essa corja a qual vulgarmente chamo de colegas de classe. Mais valia matá-los. Boa idéia! Besteira.
     Pensam que um homem não pode amar, pensam que um homem não pode chorar, pensam que um homem não pode viver as vicissitudes de um sentimento, pensam que um homem não pode ter um coração, pensam que um homem não pode amolecer, pensam que um homem não pode entregar-se ao braço de outro homem, pensam que um homem deve morrer, pensam que paralelismos sintáticos são ridículos, pensam que paralelismos semânticos são horríveis, pensam que um homem e os seus paralelismos não podem ser paralelos ao cinismo, pensam que um homem é fraco, pensam que o homem que ama não pertence ao mundo, pensam que o fim desse homem, é um poço, é um fundo. Pensam demais. Ademais, pensam que a solidão será minha companheira eterna, e que um mero soco pode fazer-me pegar uma bandeira e ir de vez à Pasárgada. Não sou tão moderno! Sinto-o, (o)dor. Besteira. Amava-o! Besteira. Lágrima! Besteira. Sangue! Odor. Oh, DOR!


Biografia:
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