Estava abraçando ele. Minha cabeça encontrou seu peitoral, e lá permaneceu recebendo seus afagos e beijos. Era um sonho? De certo não sabia responder, talvez não fosse um sonho, talvez a realidade finalmente tinha conseguido chegar a esse ápice de alegria e amor. Seus braços me envolviam como uma mãe envolve seu filho, seus beijos, seus afagos, eramos um.
Quando busquei olhar aquele rosto novamente tive um lapso de dor, ele estava chorando. Seu pranto escorria de forma desesperadora. Parecia que aquele sagrado momento estava chegando ao fim, e mesmo assim tentava abraçá-lo cada vez mais forte. Acreditava que meus músculos seriam capazes de resistir a força do destino, porém a realidade era muito mais dura. De repente, a sala começou a embranquecer, a lareira apagou, os móveis sumiram, e apenas eu permaneci naquela imensidão branca. Estava nu, meu amado já tinha sumido a um tempo. Estava sozinho, essa era a realidade.
A brancura da sala me assustava. Muitas pessoas pensam que o Preto é a cor da Dor, contudo tenho provas suficientes para dizer que o Branco é a cor do Sofrimento. Talvez essa seja a forma mais fácil de fazer alguém sofrer, dê um pedaço do paraíso e depois o tome de volta. Comecei a chorar compulsivamente, sabia que aquele momento não voltaria nunca e que Caleb provavelmente demoraria séculos para me reencontrar.
De repente, o Branco se transformou em negro. A antiga sala desapareceu por completo. Estava acordando. Meus olhos abriram e encontrei meu quarto. Fitava-o por todas as direções, não poderia acreditar que aquilo era um sonho, um simples sonho. Talvez essa seja a verdadeira realidade, estarei sozinho para sempre.
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