A lua na janela brilha,
o frio no coração resvala,
o vento da noite anuncia;
o lirismo do desejo declara.
Os olhos são serrados pela calma,
o brilho é despertado pelo ócio,
os paralelismos são as janelas d'alma,
a solidão dos românticos negócio.
Vejo um vulto viril,
que'a sombra do mistério afaga.
Meu coração - infante juvenil,
entrega-se à entidade mascarada.
És tu, Álvares?
És tu, meu Castro ÁLVAres?
És tu, minha vida?
Sou eu minha morte?
Toca-me com tua lira
Beija-me com teus cortes.
A entidade retira sua máscara,
que se desfaz em vermes.
A fronte - alva avermelhada,
devora-me com duas piscinas celestes.
A pureza da maçã,
naqueles olhos, era presente.
A castidade - das víboras irmã,
deseja-me intensamente.
És tu, Álvares?
És tu, meu Castro ÁLVAres?
És tu, minha vida?
Sou eu minha morte?
Toca-me com tua lira
Beija-me com teus cortes.
Arfo em desejos insanos,
dos concubinos - celeste profano.
Oh, Grande Deus dos Românticos!
Preencha-me com seus encantos.
Quero ser teu,
e da doçura dos 20 anos gozar.
Seja também meu,
quero do 'mal-do-século' te curar.
As estocadas são constantes,
o amor é intenso.
Álvares, com sua rosa delirante,
possui meu corpo detento.
Os gritos são altos,
primitivos, em prosa.
O gozo dá saltos
ao céu das pétalas nervosas.
Tu és Álvares,
o rei dos desgraçados,
daqueles do amor renegados,
o amante desse vil errante.
Deixa-me errar,
contudo me deixa errar contigo.
Se da vida nada posso esperar,
leva-me aos céus, querido.
A lua na janela dorme,
o sol vil renasce,
meu odiado amor absorve,
a certeza da separação me adoece. .
Não! Não me deixes.
Leve para sempre esses versos,
a modernidade te matou,
esses malditos perversos.
Álvares se joga à terra,
seu corpo permanece nessa esfera,
apenas seu amor - teimosa quimera,
aos céus se refrigera.
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