Como estudante de graduação em História, tudo que remete a trajetória humana me encanta. Mais se tem algo dentro do processo histórico que alimenta a minha curiosidade, é a memória. O ser humano é o único bicho que Deus fez com capacidade para registrar tudo o que faz e pensa. E com Alagoinhas: o que a memória guarda, vi está habilidade natural se transformar em arte e monumento.
Pedro Marcelino é um talentoso cronista, aguerrido político, homem de pensamento avançado, mas, mais importante que tudo isso, querido amigo. Sua escrita me leva a tempos não vividos, deliciosos e frescos como aquele orvalho de manhãzinha. Como em uma teia de aranha, vai tecendo o panorama de uma cidade como a palma de sua mão. E com cuidado e brio, vai transformando parágrafos em pontes para o passado alagoinhense.
Nascido em Igreja Nova, atual distrito de Boa União, ele puxa pela memória e pesca cenários, sociabilidades, e o imaginário de toda uma época recheada de humor. Uma alma popular que se transforma em língua viva, fazendo coro na existência humilde e interiorana. Linguagem que vai se moldando no tempo, em hábitos, em costumes e imagens corriqueiras, que de tão corriqueiras, se tornam mitos para a nova geração.
Como quem se diverti em lembrar, e não como quem busca noticiar os causos que testemunhou, Pedro Marcelino faz o que muitos historiadores não conseguem fazer: dar vida ao passado, lhe dar cores, cheiros, texturas, despertar os sentidos para as coisas que ficaram noutro tempo e espaço, e que só uma dose de café no varandado da casa e um suspiro olhando para o horizonte pode trazer de volta.
Memória como gozo da vida. Desejar o passado, não como quem quer ficar parado nele, congelado como um frio de supermercado, mas como alguém que desejaria viver uma segunda vez tudo de novo, e até com mais prazer àquela queima das palhinhas, um recreio no Luiz Navarro de Brito, beber uma gelada no Alafolia, desfilar num Sete de Setembro chuvoso – desde que não fosse na rabeira do desfile.
É com prazer que, através de Pedro Marcelino, apresento as memórias de Alagoinhas à própria Alagoinhas. O livro foi publicado pela FIGAM Editora, tem cerca de 140 págs. Orelha na contracapa com biografia do autor. Prefácio de Walter Queiroz Junior. Ilustrado por diversas fotografias riquíssimas em detalhes e história.
Para entrar em contato com o autor, acesse:
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