Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
O romper das cordas
Caliel Alves dos Santos

Resumo:
Reflexão sobre a violência e extremismo político.

No último domingo, dia 23 de outubro, a sociedade brasileira presenciou o que de mais absurdo poderia ocorrer: um ex-deputado federal em prisão domiciliar resistir a prisão com tiros de fuzil e granadas. O alvo da ação da Polícia Federal foi Roberto Jefferson, filiado ao PTB, grande aliado do atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro do PL. É um defensor do armamentismo e apologista de golpe de Estado.
Contumaz incitador de crimes e ataques às instituições públicas, além de descumpridor de medidas judiciais, chegou ao cúmulo de transformar os seus atos antidemocráticos em propaganda eleitoral. Ele descumpriu todas as regras da prisão domiciliar, garantida após alegar problemas de saúde. Fato é que Roberto Jefferson nunca deixou de fazer política ou continuar a cometer os seus crimes.
A coisa foi tão grave que dois agentes da PF foram alvejados. Uma viatura foi cravejada de projéteis. A repercussão nas redes bolsonaristas foram divididas, mesmo assim assombrosas. Há quem alegasse que o resistente a prisão agiu em legítima defesa, embora ele é quem tenha iniciado os disparos e lançado os artefatos explosivos nos policiais. O fato virou uma distorção patológica da realidade.
Tudo ocorreu em nome do extremismo político, do bonapartismo dos trópicos e da liberdade de agressão. Apesar de ser o ideal-tipo de desordem institucional ambulante, o presidente Bolsonaro fez uma live para tentar desapartar sua imagem da de Jefferson. O resultado soou como covardia e traição para alguns bolsonaristas, para outros, foi uma loa a moderação política. Esse último nunca foi o tom de Bolsonaro.
Uma semana antes das eleições, e já vimos a corda se romper diversas vezes até o momento. Embora o tempo nunca retroaja, vivemos um loop de insanidade. Da violência política até assédio eleitoral, toda a lista de crimes possíveis já foram cometidos em nome da defesa de algo ou alguém. É o desejo do outro determinando o meu e o seu direito. Solução não tenho nenhuma. A tendência é piorar até nos afogarmos em puro ódio.
Me sinto o Angelus Novus de Paul Klee à moda benjamineana. Ando receoso, de costas para o futuro e de frente para todo o tragi-horror do presente. O Brasil ainda parece o Brasil, mas com alguns corpos estranhos a crescer gangrenosos sobre si. Sufocado pelos parasitas, ou melhor, doente de um vírus chamado bolsonarismo, logo desenvolverá outra cepa quando o velho agente infeccioso jazer morto de suma ignorância.


Biografia:
Caliel Alves nasceu em Araçás/BA. Desde jovem se aventurou no mundo dos quadrinhos e mangás. Adora animes e coleciona quadrinhos nacionais de autores independentes. Começou escrevendo poemas e crônicas no Ensino Médio. Já escreveu contos, noveletas, resenhas e artigos publicados em plataformas na internet e em algumas revistas literárias. Desde 2019 vem participando de várias antologias como Leyendas mexicanas (Dark Books) e Insólito (Cavalo Café). Publicou o livro de poemas Poesias crocantes em e-book na Amazon.
Número de vezes que este texto foi lido: 59421


Outros títulos do mesmo autor

Resenhas Poetize a vida Caliel Alves dos Santos
Artigos O Brasil não é hexa, mas Lula é tri! Caliel Alves dos Santos
Artigos O romper das cordas Caliel Alves dos Santos
Resenhas Mirar na lua acima das estrelas Caliel Alves dos Santos
Artigos Representação política como parâmetro da divisão do Brasil Caliel Alves dos Santos
Artigos O que é dívida histórica? Caliel Alves dos Santos
Resenhas Iraci Gama: intérprete de Alagoinhas Caliel Alves dos Santos
Ensaios Militares como fator de risco a democracia Caliel Alves dos Santos
Resenhas A cidade em palavrório Caliel Alves dos Santos
Resenhas A poética feminina Caliel Alves dos Santos

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 139.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
NOCTÃMBULO - ANIBAL BENÉVOLO BONORINO 59488 Visitas
MINHA POESIA - R.N.Rodrigues 59480 Visitas
QUANDO A SOLIDÃO VAI EMBORA - ANIBAL BENÉVOLO BONORINO 59477 Visitas
POESIA - R.N.Rodrigues 59466 Visitas
1945 (Reminiscências) - Luciano Machado Tomaz 59451 Visitas
Parafraseando Freud - Flora Fernweh 59441 Visitas
Dignidade - gislene rodrigues da silva 59439 Visitas
"Uma dor; do nada?" - Marco Antônio de Araújo Bueno 59439 Visitas
Às vezes fico pensando - Maria 59439 Visitas
a despedida - R.N.Rodrigues 59438 Visitas

Páginas: Próxima Última