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A Coisa
Rita de Cássia Batista

O dicionário da Língua Portuguesa assim define a palavra “coisa”: (nome feminino) 1. Tudo o que existe ou pode existir real ou abstratamente; 2. Qualquer objeto inanimado; 3. Fato; 4. Negócio; 5. Circunstância; 6. Condição; 7. Assunto; 8. Mistério; 9. Obrigações; 10. Valores; 11. Interesses; 12. Forma do verbo “coisar”.

Para quaisquer situações que passamos, temos sempre uma atividade “coringa” ou algo que, de improviso, sirva para todas as ocasiões. Na nossa língua não é diferente: a palavra “coisa” assume todas as classes gramaticais, indo de substantivo a interjeição e fazendo-se entender por qualquer falante lusitano.

Se deseja pedir um favor: “ei, faz uma “coisa” pra mim”; quer falar sobre algo: “preciso te dizer uma “coisa”; tem algum trabalho em vista: “espera aí, que tenho que ver uma “coisa”; uma condição: “se você fizer essa “coisa” te dou um aumento no salário”; e o mais imprevisível: “vou ali “coisar” e já volto”.

Fato é que poucos sabem que a “coisa” é um coloquialismo de primeira categoria, sendo, portanto, inconsequente em muitas redações de vestibulares e concursos. Se o estudante não consegue encontrar uma palavra que a defina, a “coisa” cabe bem em qualquer lugar.

Com o ENEM às vistas, cabe ao candidato aprimorar-se das palavras e não escrevê-las a esmo, como se fossem um amontoado de caracteres que, de uma forma ou de outra, vai causar algum efeito. Mas não é bem assim, pois os corretores estão preparados para descontar quaisquer décimos que poderão fazer uma grande diferença na competição acirrada entre milhões de brasileiros que almejam um lugar ao pódium.

O grande enigma que muitos ainda não compreenderam é a diferença entre língua falada x língua escrita e que ambas não devem ser confundidas. Enquanto falantes, temos a liberdade de utilizarmos as palavras de uma forma mais “inconsequente”, mais rápido e, de certa forma, sem pensar. O que importa é fazer-se entendido. Enquanto escritores, temos tempo para aprimorarmos as palavras, tecendo um ir e vir de rabiscos que, no final, mostram-nos a melhor forma.

Em ambas as situações, compete-nos a compreensão das ideias e, sendo esta última escrita, que utilizemos, então, as palavras mais produzidas, não rebuscadas, mas que, no seu final tenhamos a verdadeira sensação de que o nosso texto ficou uma “coisa” de louco!!!


Biografia:
Possui graduação em Letras - Português / Inglês pela Universidade Vale do Rio Verde (2005). Atualmente é Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental II e Médio, professora e corretora de Redação do Colégio Nova Geração (Sistema COC de Ensino) e curso A1 Pré-Vestibular Poliedro - Grupo Unis. Trabalha há 08 anos em banca de correção de provas discursivas dos concursos do Exército Brasileiro, trabalhou no Polo Sigma (cursos EaD, profissionalizantes e preparatórios), no curso Orion - Desenvolvimento Empresarial como professora de Redação para curso preparatório para concurso, em escolas municipais e estaduais (sistema penitenciário) como professora de Língua Inglesa na Educação de Jovens e Adultos e na Coopersul Minas como docente do curso Técnico em Segurança do Trabalho. Possui especialização na área de Educação, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora e Mestrado na área de Educação, linha de pesquisa Linguística Aplicada.
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