Gerado do delírio de pomposo conde,
rasgou o insosso sonho do espírito em retiro,
e pairou, medonho, o tenebroso vampiro,
farejando o recanto onde meu horror se esconde.
Desfez-se no teatro de caretas em negra capa
bailando no ceticismo de meus olhos mudos,
e esgotou as artimanhas esperando grito agudo
que na ausência destronou a primazia da estaca.
Perfilou-se na indignação mau contida
ao perceber o ritual da cruz banido no sorriso.
Fez pó na brisa, fecundou meu desejo cativo,
e sua maldição resgatou minh'alma perdida.
Agora em minha janela só penetra o luar,
alumiando a pálida saudade deixada.
Essa eterna perdição não valerá mais nada
se com meu sangue não quiseres brindar.
Quão doído o martírio dessa ausência,
que dias e noites arrasta amputadas.
O mundo... será que esposou as madrugadas?
...vestiu-se em luto de prolongada demência.
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