Esses olhos d'água me acolhem serenos
quando triste sento aos teus frios pés.
E o ranger do deck sob os passos pequenos,
é cantiga que louva quão importante és.
Quedo-me entregue aos sábios conselhos
que me chegam vãs no farfalhar das águas,
nas intermitentes cristas e ventos arteiros,
regurgito em espasmos essas pesadas mágoas.
Tão plena de ti recebo o doce carinho
me lamber de vento numa lufada forte,
no trêmulo bafo com cheiro de pinho,
te ofereço a vida para possuir a morte.
Dedos sentindo todo esse frio aconchego,
que brincam revolvendo a branca espuma,
das ondas suaves que desbravam o medo,
ancorando-o inteiro em submersa escuna.
Nas águas profundas e negras só harmonia,
refletindo as estrelas que a madrugada criou,
como um manto sedoso a me cobrir de agonia,
desejo ardente entregar o que o mundo tirou.
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