Benditas as paragens que teu olhar acolhe,
os pensamentos dispostos em novelo de lã,
questionando, inquieto, por que a vida escolhe,
sofrimentos frementes qual febre terçã.
"Que olhas, amado, tão longe de mim?
Acaso não vês que estou logo aqui?"
Pesarosa expressão acompanha esse olhar,
perdido acima de gelada escarpa.
Esperando, quem sabe, o horizonte curar
essa dor alojada no coração como farpa.
"Que fazes, amado, tão longe de mim?
Acaso não vês que estou logo aqui?"
Vento frio enregelando teu lindo rosto,
desafia toda a exaustão a se lançar,
sobre as rochas que apontam o oposto,
das medidas que tomastes sem pensar.
"Que queres, amado, tão longe de mim?
Acaso não vês que estou logo aqui?"
Deixa sepultadas tuas velhas tristezas,
entre as ermas pedras escaladas da viagem.
Respira da vida tão somente as certezas,
do espírito liberto da pesada roupagem.
"Retorna, amado, para perto de mim!
Acaso não vês que te amo assim?"
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