Vil mordaça que na boca cala,
pueris desejos de infinita alegria,
abortando no peito o amor que nascia,
docemente envolvido em roupa de gala.
Que doces eflúvios emanariam daí!
Almas perfumadas em gentis fluidos...
Se a negra mordaça dos odores pútridos
não ferisse de morte o que ia surgir!
Quisera que a mão que o castigo aplica
escutasse da boca o derradeiro ardor,
que antes do suplício sussurrava:"Amor,
um beijo sela o que a verdade abriga."
Pereceu a triste alma em confinada mudez,
definhando mesmo depois de liberta.
Pois refluxo de amor é ferida aberta,
enlutando a existência em cruel viuvez.
Um dia hei de arrancar a mordaça!
Já tão minha e de secular herança.
Para gritar que ainda tenho esperança,
de te envolver inteiro no que o amor abarca.
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