Parados no ponto, eu e o estranho
Puxamos conversa pro tempo passar
Pro tempo passar, falamos do tempo
Que é o assunto para se falar
Intrigado, indaga acerca do tempo
Em que estou eu parado, de pé ou sentado,
resignado, a esperar
Que ônibus, que linha, qual a condução?
Será para o bairro? Será o circular?
Resposta que dou lhe faz confessar
Que o coletivo que espero
Não vai passar...
Horário alterado, tempo dobrado
Que pena, coitado! Adianta esperar?
Coçando a cabeça, nada respondo...
Penso comigo: pra que se importar?
Na longa jornada que é essa vida
Viagem perdida a se lamentar
É somente mais uma decepção
Que o coração vem aconchegar
A idade que passa, o transporte que passa
E a gente sem graça, deixando passar
A felicidade, a verdade, a vontade
Oportunidade para melhorar
Mas o tempo passou, a chance acabou
Não há mais nada para se esperar...
Apenas prossigo por essa estrada
Firmo meu passo, sigo a caminhada
Aceitando o fato que nada espero
Não espero mais nada,
Não espero mais nada...
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