Conta-se que no interior do estado de São Paulo existe um abrigo/asilo/hospital (na verdade, ninguém sabe direito o que é) denominado Pirapití. Trata-se de um local, cuja finalidade ao certo, também não se sabe qual é... Entretanto, acredita-se que no passado, o tal abrigo/asilo/hospital teve um papel importante em tratamento específico de saúde.
Quando se passa pela portaria desse tal Pirapití, tem-se a sensação de se estar adentrando um mundo mágico, diferente de tudo o que já se viu. Um mundo tão estranho e inusitado que causaria perplexidade até mesmo ao mágico de Oz, juntamente com os demais habitantes fantasiosos de seus país.
Já se nota algo diferente na unidade, a começar da própria atitude dos porteiros. Qualquer um passa por ali, sem ser interpelado ou questionado acerca de aonde vai ou com quem desejaria falar. Sobre as ditas autoridades do lugar, não se encontra em ponto algum, alguém que possa com segurança, afirmar quem de fato manda em quem ou em quê.
As prioridades são estranhas e os valores, invertidos. Já no prédio que abriga a diretoria (?), nota-se seres curiosos, denominados pela classe científica como “mulheris ilusoris superioris”, cujo conceito pessoal distorcido, faz com que tais criaturas imaginem estar acima do bem e do mal. Sua alimentação constitui-se de futilidades e falsos elogios. Ocasionalmente, acrescentam à sua dieta, frutinhas selecionadas pela tribo Ra-Lé-Nutri-Xão, cujos nativos são severamente desprezados pela classe administrativa, liderada por essas mesmas “mulheris ilusoris superioris”.
Falando sobre a tribo Nutri-Xão, seus membros, apesar das difíceis condições de trabalho, ao menos se consolam com o fato de inspirarem o famoso filme Ratatouille, da Disney... Isso porque convivem com dezenas (quiçá, centenas!) de ratinhos, belos e fofos, que os ajudam arduamente a preparar todas as refeições que alimentam o complexo do Pirapití. É claro que as “mulheris ilusoris superioris”, enjoadas que são, abominam o esforço árduo dos humildes roedores, recorrendo constantemente ao disque-marmitex.
Muitos prédios do abrigo/asilo/hospital do Pirapití são tombados. Não por se tratarem de patrimônios históricos, mas por estarem caindo aos pedaços, mesmo. Em meio às ruínas pitorescas do local, encontram-se cobras e outros animais peçonhentos. O veneno dessas, entretanto, não põe tanto medo quanto o de outras víboras pernudas que por ali passam, diariamente.
O reino do Pirapití tem também alguns moradores interessantes. Um deles é o psicopata Girardo Berinaldo, cuja loucura o fez chegar ao ponto de colocar os próprios dejetos dentro de um pedaço de pão. Certamente, a confecção de tal sanduíche de questionável valor nutritivo, subentende que o sujeito anda também rasgando notas de cem reais, fora outros absurdos inimagináveis (ou não)... O pobre coitado, fazendo coro a outros habitantes locais, acredita piamente que é o rei da humanidade e que todos os que trabalham no universo paralelo, estão ali para servi-lo em todos os seus caprichos.
Como ocorre com outras nações conhecidas, o Pirapití é também um poço de impunidade. Dentro da instituição, por exemplo, há uma funcionária de codinome Patty Arma-Barraco, cuja crença maior é a de que é ela mesma a última bolacha de todos os pacotes. Dotada de uma anatomia avantajada, a figura impressiona logo de cara. Fala alto, cospe palavrões, ameaça e pratica “bullying”, sem medo de ser infeliz. Não teme e nem respeita a ninguém, enfrentando grosseiramente os de alto e baixo escalão. As “mulheris ilusoris superioris” tremem só de ouvir o seu nome, mas como é típico de sua natureza frívola, não se envergonham em falar mal dela – naturalmente pelas suas costas. Quanto à sra. Arma-Barraco, no entanto; a sujeita segue e prossegue do alto de sua arrogância, fazendo aquilo o que bem entende.
Diz a lenda que o velho Noel e o Coelhinho da Páscoa pensam com a seriedade que lhes é peculiar, em fixar residência definitiva no Pirapití. Conta-se que o projeto de ambos é tornar o universo paralelo uma unidade de referência na região. Tudo isso, graças, é claro, à competência de seus administradores e à inexistência de sequer um único grão de corrupção. Assim sendo, o universo paralelo do abrigo/asilo/hospital do infame Pirapití segue a passos lentos e largos rumo ao regresso, imitando para todos os efeitos, os mesmos passos com que caminha a ignóbil mediocridade...
“Qualquer semelhança com situações, pessoas ou instituições da vida real pode não ser mera coincidência...”
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