Não queria estar aqui.
Não queria fazer parte deste lugar...
Mas, é preciso.
Não queria estar com toda essa gente estranha...
Gente que não sabe o que é amor,
gente que não sabe o que é amar.
Todavia, resigno-me,
pois por enquanto, não há outra
alternativa a se escolher.
A desordem impera, o caos quase que domina,
de modo impiedoso.
E junto com eles, o descaso e a indiferença...
Todos formando uma trupe nada intrépida,
antes covarde e pavorosa.
Sinto-me envergonhado por fazer parte deste antro
que impregnou a minha pele e que me impele
ao lamento surdo e vão...
Sinto asco dos risos frouxos e falsos
e das anedotas selvagens
que lambuzam os meus ouvidos.
A honestidade desistiu deste lugar
e o suborno é a ordem do dia.
A justiça é cega e a injustiça tapa os olhos
pois não quer enxergar o mal que aqui se faz...
Aqui se paga?
Às vezes, é tão difícil acreditar...
Quem dera a impunidade não tivesse vez nem voz.
Quem sabe assim se contassem outras notícias
acerca deste universo paralelo.
“Contem ao mundo o que viram aqui!”,
diria o velhinho acamado e esquecido
e querendo se esquecer de que um dia
também foi parte do cenário da vergonha,
maquiado como se fosse um patrimônio público e social...
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