Peço-te que venha me socorrer, tirando-me deste vale sombrio, por favor, não feche os olhos, não me deixe aqui morrer, não vire as costas para mim, fingindo que não me vê, pois eu te juro, não pedi para nascer.
Os que a mim deveriam cuidar, só sabem me maltratar, peço-te que me socorra, sinto que meu tempo é curto, e não mais vou agüentar. Meu corpo está tão fraco, não consegue se levantar, a dor é profunda, sei que nunca vão me amar. Por isso socorre-me, tirando-me deste lugar.
Hoje ao acordar, eu queria até chorar, mas os meus olhos não se abriam, pois inchados deveriam estar. Na noite anterior da escada eu despenquei, era o que deveriam acreditar, pois seria o que na escola eu teria que contar. Na hora do recreio não fui ao pátio para brincar, com a certeza de que alguém viria me perguntar, seria apenas mais uma para enganar.
Mais uma noite está para chegar, e eu aqui preso a este lar, indefeso, inseguro e sem proteção, tão assustado que até posso ouvir o meu coração. Percebo que não será uma noite calma, minhas pernas tremem em baixo da cama, mas posso ouvir que alguém me chama. Foi muito rápido e mais forte do que eu, onde me culpavam pelos infortúnios que naquela casa se abateu, e foi assim que no silêncio da noite tudo aconteceu.
Até tentei fugir, mas dali não conseguia sair, preso a um destino que estava prestes a se cumprir, rezava para logo acabar, pois sabia que ninguém ousaria me ajudar, entendo, são autoridades e estão muito ocupados com projetos a terminar, e a minha vida é apenas mais uma a se findar.
Deixo aqui a minha história como lição, pois agora preciso descansar, com a esperança que toque algum coração, fechei os olhos do corpo, para minha alma libertar!
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