Se eu soubesse que os tempos de outrora seriam bem melhor que os de agora, que menina moça seria piriguete, e a vovó não mais seria chamada de senhora.
Ah! Se eu soubesse, que tanta luta pela tal independência, traria hoje tamanha desobediência, que conviveríamos com tanta violência, tornando cego o povo brasileiro, perdendo o amor no coração, tomados por tanta ambição, tudo por um papel chamado dinheiro. Ah! Se eu soubesse.
Se eu soubesse que tanta busca pela liberdade, sacrificaria hoje a minha felicidade, que eu não mais caminharia tranqüilo, pelas ruas da minha velha cidade, se eu soubesse que o meu cavalo andando lentamente pelo chão de barro, seria trocado por um veículo com quatro rodas chamado carro, sendo este o responsável por tanta morte, ceifando a vida de seus ocupantes, arrancando-lhes a própria sorte. Ah! Se alguém me dissesse, ah! Se eu soubesse.
Se eu soubesse que o ar puro que enchia o meu pulmão, hoje me mataria com tanta poluição, que os românticos casais trocariam o verbo namorar, simplesmente pelo ficar, e que o casamento com juras de amor eterno, se tornaria um instrumento para uma vida no inferno. Se eu soubesse que a vida simples de antigamente, seria pobreza neste presente, tornando-se tão insuficiente.
Se eu soubesse que viveria para presenciar, a destituição familiar, e que pai e filho viriam a se matar, talvez eu preferisse aqui não mais estar. Se eu soubesse que de nada adiantaria ter lutado, nas famosas guerras do passado, que a busca por tantos direitos, tornar-se-iam motivos de desrespeito, se eu soubesse que tantos esforços marcados na memória, não sairiam dos livros de história, e que mais tarde entenderiam tudo errado, talvez eu não tivesse mais lutado, muito menos ter chorado, pois assim eu saberia que hoje não seria tão amado.
Se eu soubesse que a perfeição que vivia antigamente, seria agora neste presente, uma total destruição, deturpada por tal chamada globalização, e que findaria aquela vida de fartura, onde hoje a fome leva a loucura. E se eu soubesse que não mais contaria as estrelas no céu, deixando de viver esta emoção, pois os prédios impediriam assim a minha visão.
Se eu pudesse saber que um dia iria ver tanta indiferença e desigualdade, num mundo tomado por enfermidades, hoje eu não nego, talvez eu preferisse ser cego. E se eu soubesse que não sentiria mais o cheiro da minha terra molhada, e que hoje a minha digna palavra não valeria mais nada.
Ah! Se eu soubesse que hoje poderia morrer de uma moléstia chamada stress, perdendo assim a minha paz, ah! Se eu pudesse simplesmente voltar atrás.
|