Meneléu ficou viúvo. Idoso, todos os filhos nas suas casas, ele sozinho, sem ter para quem apelar. Solução imaginada, uma doméstica secretária, que assumisse todos os assuntos da casa. Não sabia fazer nem um cafezinho na maquininha expressa que lhe aconselharam, ele adquiriu e encostou. Uma vassoura, lavar uma xícara? Quem disse! Nunca pegara em nada disso, nunca o fizera, aliás.
Pôs anúncio no jornal: “Precisa-se de secretária doméstica. Habilitada para cozinha e todos os serviços do lar. Solteira e descompromissada, que durma no trabalho. Folga semanal aos domingos. Pagamento salário e todos os direitos trabalhistas. Oferecer referências”. Indicou o telefone, não o endereço.
A primeira ligação. Quem era. Que referência trazia? Sabia fazer todos os trabalhos do lar? Aparecesse (agora ofereceu o endereço e marcou a hora da audiência. Trouxesse todos os documentos e a referência. Acertariam o preço e condições de trabalho. Tudo mais. Para uma fase experiência de adaptação.
Chega a moça. Moça? Feições de criança. Perguntou a idade e olhou o documento. Dezoito anos completos. Olhou fixamente nos olhos da candidata e falou admirado:
- Quase uma menina.
- É sim senhor. Mas trabalho desde os doze. A mãe faleceu e tomei conta da casa e dos dois menores. Agora eu saindo, minha irmã assume. Já tem 16. Preciso ganhar minha vida.
- Bem começada! Vamos ver isso então.
Acertaram salário, mútuas obrigações essas coisas todas. Começar logo, agora. A cozinha, aliás, a pia da cozinha estava cheia de louça suja. Tomava as refeições no restaurante e alguma coisa pedia em casa. Resultado dessa alguma coisa, a louça enchendo a pia. A menina já aí arregaçou as mangas. Tudo limpo, falou:
- Bem, se tá tudo acertado, preciso ir a casa pegar minhas poucas coisas. Tem algum alimento que eu possa preparar para o jantar? Preparo, deixo tudo pronto, vou pegar minhas coisas e volto logo.
Pronto o jantar a moça pôs a mesa e perguntou se queria que o servisse logo ou se preferia esperar pelo seu retorno. Admirado do rápido desempenho e da presteza Meneléu quis ver.
- Menina que rapidez! E como está cheirando... Deu até fome. Serve logo e pode demorar um pouco mais no retorno. Para tornar antes das vinte e duas, tá bom?
- Tá sim senhor. Não é longe o barraco da gente.
Pronto. A Menalá serviu o jantar, comeu as sobras na cozinha e saiu para tornar duas horas depois, com uma trouxa na cabeça. Dia seguinte cedo foram ao mercado. Depois de perguntar o que ele queria, do que gostava, essas coisas, a secretaria foi pegando tudo desembaraçadamente, pondo no carrinho. Ele olhando. Ao caixa, pagamento. Ela empurra o carrinho para a garagem do mercado, ele abre o porta mala, ela põe tudo para dentro. Ele ao volante, ela a seu lado.
Aí a primeira pergunta à cerca da vida pessoal:
- Você teve escola, sabe ler?
- Sim senhor. Fiz o ginasial.
- Oh! Tá ótimo. Quando vê, pode estudar mais um pouco.
* * I*
Iniciados trabalho e convivência. Uma semana, duas, três. Tempo sobre tempo. Mês, dois, pouco mais. Meneléu começa a olhar para Menelá com olhos diferentes de olhar de patrão, alguma coisa de olhar de desejo. Ela percebe e parece, ou dá a parecer que entende e retribui. Começam a esquentar as relações. Homem respeitoso, habituado às relações de família, sem nenhum hábito mundano, aliás, pensa e teme, quer e não se atreve. Ocorre-lhe uma desculpa. Estava sentindo uma coceira esquisita na parte inferior, ligou ao médico e este indicou uma pomada. A posição não dava para ele, pessoalmente aplicar. Teria que procurar uma enfermeira. A menos que ela...
- Onde é, seu Meneléu, posso ver se consigo aplicar a pomada?
- É um lugar tão ruim pra você... Fico até com vergonha.
- Nada não, me deixa ver se dá pra eu mesmo aplicar a pomada.
-Aqui, é tão ruim, fico com vergonha. (E apontou).
Ela desabotoou de leve a braguilha. Grelou os olhos. Nunca tinha visto aquilo, daquele tamanho e durona... Via a de seu irmãozinho à hora de banhá-lo diariamente. Nem imagina que adulta alcançasse aquele tamanhão. E era dura... Soltou:
-Vige! E é dura! E é grande! Coisa feia!
Quis fugir. Aí o Meneléu a reteve, não agüentava mais!
- Que nada, menina, segura isso! Nem sabe como é bom!
E a pôs de jeito, penetrou. Pasmado, depois do repouso soprou de leve:
- Menina! Eu nunca poderia pensar, você era virgem!
- Era sim senhor, nunca nem tinha visto isso, nem pensava que era tão grandão. E doeu!
- Pronto. Conversado. Você agora é minha mulher, não mais domestica, não mais secretária do lar. Hoje mesmo, a partir de agora sua dormida é aqui, nesta cama. Sem bronca nenhuma. Somos, ambos livres e desembaraçados, sem compromisso... Aliás, um compromisso entre nós. Marido e mulher.
- Hein... Vige! Pra toda vida?
- Para meu resto de vida, cabrita!
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