No dia 15 de abril se comemora oficialmente o dia nacional da Conservação do Solo. Esta data não é tão conhecida pela maioria das pessoas; isso porque não há uma popularização deste evento que é muito significativo, uma vez que esse recurso natural, entre outros, é de fundamental importância para nossas vidas, assim como é para os demais seres vivos que constituem os ecossistemas de nosso planeta. Hoje, há uma grande preocupação por parte dos governos e da sociedade pelo crescimento da população, escassez de recursos, mas pouco se tem feito para a conservação dos solos e devemos salientar que as atividades como agricultura e pecuária, que sustentam a sociedade em alimentos, têm como base esse recurso.
Desde tempos remotos o homem, com a fixação dos grupos humanos organizados e o surgimento das grandes civilizações, utiliza os solos com a agropecuária. O solo, comumente chamado de terra, chamado também de chão, e muitas vezes dito como o lugar, no sentido de terra natal, constitui tudo isso e muito mais, significando ainda a possibilidade de prolongamento da vida. No antigo testamento, ele é a matéria para a vida, pois como está escrito Adão foi criado do pó da terra, tendo Deus soprado nas narinas do primeiro homem para lhe tornar um ser vivo.
Várias são as funções do solo. A principal talvez seja a de servir como recurso propício ao desenvolvimento de atividades produtoras de alimentos, frutos, legumes, cereais, folhas, etc. Na agricultura se perpetua a vida do homem, o solo lhe dá o alimento e o sustento do dia-a-dia, o pão, a bebida, o vinho (da uva), até o leite, pois os rebanhos que produzem o leite se alimentam de rações ou pastagens que se desenvolvem no solo. Poderíamos enumerar outros exemplos como soja, feijão, milho, tantos que poderíamos preencher algumas páginas deste jornal. E muita coisa vem do solo.
Quando olhamos para o passado podemos ver exemplos de grande impacto no uso dos solos. O uso de tecnologias também causou degradação de recursos como o solo, gerando o declínio das antigas civilizações. Um exemplo comumente usado é o da Mesopotâmia, situada entre o Tigre e o Eufrates – hoje o Iraque -, onde há cerca de 5.000 anos desenvolveu-se a civilização Persa, que dominou técnicas de irrigação e desenvolveu a agricultura. Documentos dão testemunho de que a utilização mal planejada da água trouxe degradação dos solos e das condições ambientais, tendo como resultado a salinização e erosão, tornando a região árida. Hoje, ela continua na mesma situação de aridez e pouco produtiva.
No dia da conservação deste relevante recurso, chama-nos atenção a situação dos solos da Caatinga. Grande parte deste ecossistema está desprovida de vegetação, com porte e densidade suficiente para proteger os solos, isso porque as áreas remanescentes são poucas e grande parte da caatinga foi degradada e incorporada aos cultivos ou pastagens. Com a redução da cobertura vegetal o solo fica sujeito à erosão, pelas chuvas, pelos ventos e, assim, o capital natural que representa é perdido e levado pelos rios e riachos no período chuvoso, isso também porque as práticas desenvolvidas na agropecuária são ainda muito danosas ao recurso.
A conservação da caatinga requer melhores práticas de uso de seus recursos, principalmente dos solos, ou mesmo a redução na intensidade do uso atual em áreas impróprias, pois a degradação da caatinga vem ocorrendo ao longo de séculos. Manter a sustentabilidade da Caatinga significa que seu uso deve ser planejado, para que sejam utilizadas as áreas propícias ou aptas para esse fim e permitir a possibilidade de regeneração dos recursos. Ou seja, os órgãos competentes da alçada municipal, estadual e federal devem fazer campanhas de conservação dos solos, de reflorestamento, além de conscientização para evitar queimadas, reduzir os processos erosivos e, assim, lutar contra a desertificação.
Atualmente a Caatinga disputa com o Cerrado o segundo lugar entre os ecossistemas brasileiros mais degradados, perdendo ambos para a Mata Atlântica. Isso significa que a cada dia os solos da Caatinga perdem suas condições de sustentar nossa sociedade; a atual degradação em curso não pode mais continuar, é necessário que se tomem providencias para a convivência harmônica com as possibilidades que os recursos naturais podem fornecer. Assim, é responsabilidade de todos nós de zelar pelo patrimônio natural que representa o solo nosso de cada dia.
¹ Texto publicado no Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Cajazeiras-PB.
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