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Meio Ambiente, Ecologia e Controle de Espécies Exóticas
Sérgio Murilo Santos de Araújo

Resumo:
A história de introdução de espécies exóticas nos diversos cantos do mundo está recheada de casos malogrados, uma vez que muitas das espécies trouxeram graves problemas para os ecossistemas locais e para o próprio homem.

A história de introdução de espécies exóticas nos diversos cantos do mundo está recheada de casos malogrados, uma vez que muitas das espécies trouxeram graves problemas para os ecossistemas locais e para o próprio homem.
O mais conhecido desses casos talvez seja a do coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) na Austrália. Em 1858 chegaram àquele país 24 coelhos, três décadas depois a espécie tinha se multiplicado assustadoramente, invadindo os ecossistemas locais e fazendas, atacando culturas e pastagens e prejudicando a criação de carneiros, principal criatório daquele país. Em virtude da devastação na cobertura vegetal provocada pelos coelhos, houve aceleração dos processos erosivos nos solos, devido às tocas que esses animais produziam. Assim, foi criada até uma lei para executar 47 milhões de coelhos. Mesmo assim, a caça e as armadilhas não os eliminaram, tornando-os uma ameaça à fauna local.
Planejando extinguir a espécie nociva, foram introduzidos pequenos carnívoros, inimigos naturais dos coelhos, que preferiram presas mais fáceis como galinhas e ovelhas, trazendo transtornos aos criadores. Finalmente, por volta de 1950 utilizaram um vírus da mixomatose (Vírus sanarelli, doença infecciosa de coelhos domésticos no Brasil) o que exterminou grande quantidade de coelhos na Austrália. No entanto, alguns sobreviveram e ficaram resistentes à doença e transmitindo para a prole suas características, novamente o problema recomeçou. Atualmente a população de coelhos na Austrália parece controlada.
Outro caso australiano de invasão é a dos sapos (Bufo marinus) que aportaram por volta de 1935 em Queensland, visando combater os besouros que infestavam as plantações de cana-de-açúcar. Como se sabe os sapos são espécies originárias do continente americano. Segundo o Prof. Rob Dunn, ecólogo do departamento de zoologia da North Carolina State University, os sapos se espalharam “como as ondas de choque de uma bomba, com suas pernas enverrugadas e suas línguas supercrescidas lançadas para cada buraquinho possível em um nicho ecológico” (DUNN, 2008).
Atualmente os descendentes daqueles sapos de 1935 evoluíram como resposta ao meio local e se adaptaram tão rápido, obrigando as espécies locais a se adaptarem a essa evolução dos anfíbios americanos. Isso porque quem não evolui às mudanças ambientais e dos inimigos, ou predadores naturais, tornam-se presas fáceis. O sapo continua sendo um grande problema naquele país, e hoje cobrem uma área de um milhão de km² do território australiano.
Outra forma de introdução mal sucedida pode ser de espécies da flora exótica, muitas vezes fugindo ao controle humano. Aqui no Brasil a introdução de espécies é bem diversificada, quem não conhece o eucalipto ou a algaroba, entre outros que foram introduzidas aqui no país?
Segundo o Prof. Germano Schüür, da Universidade de Caxias do Sul, o eucalipto (Eucalipitus sp.) chegou ao Brasil entre os anos de 1855 e 1870. Edmundo Navarro de Andrade foi o grande divulgador do eucalipto no país, reunindo a maior soma de espécies, não havendo número igual em nenhum outro país (SCHÜÜR, 2008).
Seu principal uso está no fornecimento da celulose para a fabricação de papel, como madeira, entre outros usos. Essa espécie é bem controlada, uma vez que exige técnicas de reflorestamento e sua dispersão depende do homem.
A algaroba (Prosopis juliflora), espécie exótica do deserto peruano, foi introduzida no Brasil por volta da década de 1940, e hoje ocupa grandes extensões do bioma caatinga. Para alguns é uma verdadeira praga, pois se alastra com facilidade nos semi-árido brasileiro, principalmente pelo vento e pelos animais, trazendo problemas às plantações. Para outros, constitui-se em uma planta benéfica, pois cresce rápido e sem precisar de cuidados especiais, fornecendo lenha e estacas para cercas e propriedades, sua vagem leguminosa serve de alimento ao gado, entre outros usos.   
Recentemente proliferam no país plantas exóticas diversas, como exemplo, o nim indiano e o ficus, originário do sul da Ásia. Obviamente que são árvores ornamentais, com uma dispersão de forma natural mais difícil de ser realizada, em comparação com o caso da algaroba. No entanto, não se sabe ao certo o quanto essas espécies já ocuparam o território brasileiro ou se há uma disseminação controlada ou descontrolada.
Devemos salientar que, muitas espécies de animais e plantas introduzidas em diversos países, de forma acidental ou não, começaram seu curso de ocupação (dispersão) ou utilização de forma lenta, levando a crer, aos responsáveis por tal intento, que havia certo “controle” dessas espécies. Em muitos casos, as técnicas utilizadas na tentativa de eliminar tais espécies custam muito caro, podendo sair ainda mais caro quando as espécies fogem ao controle ou evoluem. Por isso, são necessários estudos e pesquisas, com planejamento, para introdução de espécies exóticas nos ecossistemas brasileiros e do mundo.     

Referências

DUN, Rob. Nosso presente em evolução. SCIENTIFIC AMERICAN, edição 68 - Janeiro 2008.
SCHÜÜR, Germano. Equilíbrio Ecológico. Disponível em: http://www.photographia.com.br/texequ.htm. Acesso em: outubro de 2008.


Biografia:
Professor da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Doutor em Ciências pela Unicamp (2004).
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