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SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Sérgio Murilo Santos de Araújo

Resumo:
A concentração de renda é um dos fatores de maior importância no atual quadro em que se encontra a Sociedade Mundial. Nesta, cerca de 20% da população consome 80% dos recursos, enquanto 80% dividem os 20% restantes.

Ao longo da evolução da sociedade o consumo de recursos ambientais aumentou progressivamente, principalmente após a Revolução Industrial, em função da capacidade do homem intervir cada vez mais na base de recursos do planeta, via tecnologia, o que gerou problemas ambientais em escalas local, regional e global.
        Com o capitalismo o uso dos recursos humanos e naturais passou a ter pouquíssimo controle social; possibilitando, de um lado, a intensificação do dinamismo tecnológico, e de outro, a exploração da força de trabalho. Este último, principalmente após a Revolução Industrial, quando ocorreram altos índices de doenças laborais, por conta do excessivo número de horas de trabalho, 12, 14 e mais, e do ambiente insalubre - exposição aos poluentes, pelo uso do carvão como combustível, etc.
        O desenvolvimento tecnológico, representado pela invenção de máquinas, alcançava intenso dinamismo; enquanto o conhecimento da capacidade do planeta em suportar a exploração intensiva dos recursos não o acompanhou na mesma proporção, visto que as medidas adotadas para aumentar a produtividade eram tomadas sem o conhecimento de como os processos naturais modificados poderiam dar origem as alterações como erosão dos solos, contaminações do ar e da água e outros impactos ambientais.       
        A partir da consciência ou conhecimento dos “limites” do crescimento econômico, que se deu muitos anos depois da Segunda Guerra, é que foram tomadas algumas medidas mais efetivas nos padrões ambientais, já por volta dos anos 60 do século passado. Na década de 70 surge como conceito padrão o desenvolvimento sustentável, inicialmente com o nome de ecodesenvolvimento, em momento de grande controvérsia entre o crescimento econômico e o meio ambiente.
        A noção de desenvolvimento implica necessariamente numa situação de progresso da sociedade, onde o crescimento econômico deve ser acompanhado pela qualidade de vida do grupo social, como reflexo dos investimentos realizados pelos governos na esfera coletiva, onde todos ganham.
        Ao longo do último século nota-se que a sociedade mundial atingiu um nível tecnológico bastante satisfatório, mesmo que a população mundial tenha aumentado sabe-se que do início do século XX até seu final o sistema econômico cresceu mais de 30 vezes contra 4 vezes do crescimento populacional. Mesmo assim, não houve distribuição de renda no nível global - principalmente nos países subdesenvolvidos; aliás, a concentração de renda é um dos fatores de maior importância no atual quadro em que se encontra a Sociedade Mundial. Nesta, cerca de 20% da população consome 80% dos recursos, enquanto 80% dividem os 20% restantes. Sabe-se, ainda, que as atuais estratégias para reduzir a pobreza no mundo não lograram êxito e o nível de pobreza considerado pelo Banco Mundial atingiu 2,8 bilhões de pessoas em 2000; nesse mesmo ano 1,2 bilhões de pessoas ganhavam menos de US$ 1/dia, estes na faixa de miséria.
        Mesmo tendo como base o modelo do desenvolvimento sustentável ele ainda não foi conseguido. No entanto, nos últimos trinta anos vem sendo perseguida a implantação de uma sociedade baseada no desenvolvimento sustentável; neste período de transição em que se vive, tenta-se sair do estágio de uma sociedade “exploracionista” para "conservacionista”, sem muitos avanços no campo prático.
        A Sociedade Mundial poderia tomar como rumo a seguir o de aplicar uma atitude precavida diante das questões ambientais. O princípio da precaução tem como objetivo adotar-se medidas hipoteticamente corretas em relação aos problemas de ordem ambiental sem esperar que se saiba ao certo, por meio da ciência, qual a relação entre as atividades humanas e seus danos ambientais. Este princípio pode ser aplicado à sociedade se ela adota uma posição ética, altruísta e solidária com as gerações presentes e futuras.
        Uma atitude de precaução consistiria em reduzir a atual velocidade do crescimento econômico e o aumento das atividades econômicas potencialmente poluidoras, reduzindo os riscos de emissão e degradação do meio ambiente com medidas de controle mais eficazes, enquanto não se conhecem os riscos ambientais daquelas atividades. Muitos países não querem pagar o preço por uma atitude de precaução, tal situação corresponde a um impasse para se aplicar o princípio. Recentemente o Protocolo de Kioto foi alvo de conflito, pois os EUA não aceitam reduzir suas taxas de emissões de poluentes alegando que seu crescimento econômico estaria comprometido – comprometido sim está o meio ambiente global se persistirem os atuais padrões.
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Publicado no Jornal do Commercio de Recife-PE. Em 14 de setembro de 2002.


Biografia:
Professor da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Doutor em Ciências pela Unicamp (2004).
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