Não se sabe ao certo quanto tempo leva a biota (conjunto de seres vivos) de um lugar para se diversificar ou ser produzida na Natureza. Biodiversidade diz respeito à quantidade de espécies de seres vivos de uma região. Ou seja, Quanto maior o número de espécies e de suas populações em um dado ambiente, maior é a biodiversidade. Consequentemente maior é a rede complexa de interações entre os seres e o meio em que vivem e que o homem também participa.
A biodiversidade é produzida ao longo do tempo e em função das condições ambientais, que podem sofrer transformações ou modificações – fatores fundamentais para que haja tal diversificação.
É fato que a biodiversidade nos trópicos, geralmente quentes e úmidos, é maior que nas zonas temperadas, submetidas a variações nas quatro estações. Também é certo que a biota dos trópicos sofreu menor pressão antrópica até meados do século XV, quando os colonizadores desse espaço proporcionaram maior exploração dos seus recursos naturais. Tais recursos, transformados em matérias-primas, passaram a servir de fomento ao mercado da Europa e principalmente aos nobres que poderiam consumir em maior quantidade e qualidade as novas mercadorias.
Nos séculos XVII e XVIII, boa parte dos recursos naturais existentes na Europa, principalmente os energéticos, foi transformada em matérias-primas para as indústrias, servindo à Revolução Industrial. Desta forma, grande quantidade de recursos ambientais sofreu pressão maior das atividades econômicas, reduzindo-se as florestas e outras formações vegetais de menor porte, consequentemente, foram reduzidos os espaços, o habitat e os alimentos dos animais.
Nos novos continentes colonizados houve certo retardo no consumo e exploração da biota e dos minerais, mas eles começaram a ser consumidos já no século XVI, intensificando-se nas áreas detentoras destes recursos. Começa nesta época uma história de degradação dos biomas terrestres e tropicais. No Brasil houve o que se denomina de ciclos econômicos, como o do pau-brasil, da cana-de-açúcar, da mineração (do ouro), do café, além da realização de outras atividades.
O problema da agricultura é que ela exige vastas áreas para ser realizada, principalmente as monoculturas de larga escala de produção. Enquanto a mineração degrada de forma muito intensiva, mais de pouca extensão no espaço. Entretanto, todas as atividades econômicas realizadas em conjunto acabam por trazer grandes danos ao meio ambiente.
Os ciclos econômicos foram responsáveis por grandes modificações nos biomas brasileiros, pela redução da área da mata atlântica, da caatinga e outros. O cerrado teve sua exploração mais intensiva no século XX, principalmente dos anos cinqüenta em diante, quando a ocupação daquele espaço foi intensificada por projetos do governo federal e, nas décadas de 70 e 80, novas tecnologias permitiram o plantio de soja em larga escala.
A importância da biodiversidade está no fato de que esta pode fornecer para o homem diversas soluções no âmbito científico e tecnológico, como cura de doenças, produção de novos materiais e equipamentos de uso nas indústrias, nos serviços e na vida das pessoas, muitas vezes mais eficientes e com menos custos.
O reconhecimento de que a vida humana depende dos ecossistemas e da própria biodiversidade nos coloca em alerta. Pois cada espécie tem uma função na teia da vida, e essas conexões quando quebradas acabam por produzir efeitos que podem levar à degradação e desequilíbrio dos ecossistemas ou uma nova organização – cuja existência poderá não ser benéfica aos seres humanos.
Outro problema que nos chama atenção é que muitas espécies de animais e vegetais estão entrando na lista de extinção e uma vez extintos não se saberá se eles poderão, por exemplo, salvar vidas humanas de doenças hoje ditas incuráveis. Pois muitas secreções de animais, como a de um sapo da Amazônia, podem até matar, mas se industrializadas e utilizadas na medida certa salvam vidas. Enfim, será que dá pra pensar somente em nós mesmos sem associarmos os outros seres vivos e o meio físico?
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Publicado no jornal Gazeta do Alto Piranhas, folha A2 - opinião. Cajazeiras-PB, v. 447, p. A2 - A2, 06 jul. 2007.
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