O desenvolvimento econômico e social é uma meta para as diferentes esferas governamentais - nação, estado ou município. No entanto, no sistema político-econômico atual, muitos fatores emperram as iniciativas para o tão sonhado desenvolvimento, que deve ser sustentável. A idéia de crescer e repartir o bolo entre os diversos setores parece muito boa; mas termina ficando, muitas vezes, mais próxima de uma utopia do que de uma realidade, uma vez que os mecanismos institucionais e econômicos ainda possuem gargalos que impedem atingir o alcance social desejado.
Programas e projetos de governo e ações de empresas são fundamentais para impulsionar o crescimento econômico em diversas escalas espaciais. Atualmente o Nordeste tem recebido atenção, que há muito não vinha tendo, por parte do governo federal através de algumas obras que podem servir de alavanca para o crescimento econômico da região e talvez leve a seu desenvolvimento.
Recentemente, em matérias publicadas em diversos jornais regionais, tomamos conhecimento de que o Nordeste cresceu mais do que o país no ano de 2006, como confirma pesquisa do IBGE para o período. O Ceará foi o que apresentou a maior expansão do PIB (8%), seguido pela Paraíba (6,7%), Piauí (6,1%), Pernambuco (5,1%), Maranhão (5%) e Alagoas (4,1%). Mas as reportagens trazem uma triste realidade, a de que apesar do crescimento anual da economia, a participação do Nordeste no PIB nacional entre 2002 e 2006 praticamente não foi alterada, pois nesse período, passou de 13% para 13,1%. Deve-se salientar que tal crescimento se deve ao setor comercial, ou seja, houve maior consumo regional. As reportagens também traziam uma análise feita pelo coordenador de contas regionais do IBGE, Frederico Cunha, a de que tal crescimento no comercio foi devido aos programas de transferência de renda.
Embora se fale que as ações no âmbito social de programas de transferência de renda, como Fome Zero e Bolsa Escola, tenham aumentado o poder aquisitivo de uma boa parte da população, não são esses programas que permitirão o desenvolvimento sustentável da região. Pois podemos considerar esses programas como ações provisórias; até porque o país que possui uma das maiores economias do mundo não pode ter no ideário nacional programas meramente assistencialistas, devendo priorizar programas que possam gerar renda, através de empregos e crescimento das atividades econômicas – sempre com planejamento e com cuidados ao meio ambiente.
A construção de infra-estrutura de transportes, como rodovias, ferrovias e outros meios poderão tornar a região Nordeste competitiva no âmbito nacional e internacional. Pois, as perdas geradas pelo sistema de transporte, como o frete rodoviário encarecido pelas péssimas condições das estradas, só eleva os preços dos produtos gerados na região.
Atualmente está em construção a denominada Ferrovia Transnordestina, no trecho que liga Missão Velha, no Ceará, a Salgueiro, em Pernambuco. Há muito tempo que se discute essa que será talvez o maior ramal de interligação ferroviária do Nordeste, pois se funcionar todos os ramais interconectados, haverá ligação entre Fortaleza, Petrolina - Juazeiro, Salvador e Recife, entre outros trechos que ligará estes centros regionais já citadas a alguns outros. Na Paraíba há um trecho de ferrovia que sai de João Pessoa, passando por Campina Grande e chega até o Ceará, ramal este que precisa de reformas, assim como os demais, e que ligada ao ramal cearense da Transnordestina possibilitará maior integração ferroviária na região. Tal obra tornará o frete mais barato e, assim, menor será o custo com a manutenção de rodovias, uma vez que o fluxo de caminhões deverá reduzir, mantendo-se as rodovias em condições de uso por mais tempo.
A possibilidade de melhoria e construção de vias de transporte, principalmente o ferroviário, no interior do Nordeste abre a perspectiva de alavancar o setor econômico; pois isso só será conseguido através do escoamento da produção de forma mais barata. Na região alguns setores produtivos carecem de uma melhor infra-estrutura, como o de frutas e produtos agroindustriais do vale do São Francisco e do Vale do Açu-RN, o da produção de gesso e seus derivados do Pólo Gesseiro do Araripe-PE; além de outras áreas de produção agropecuária, mineral e de produtos industrializados, do setor têxtil, de confecções, entre outros.
Por fim, vale ressaltar que é de fundamental importância que ações políticas dos governos estaduais no sentido de trazer mais investimentos para os setores de transportes e de energia, o que possibilitaria melhor eficiência do setor industrial; meta esta que colocará o Nordeste no rol das regiões com economia sustentável, porque por enquanto ainda está aquém desse tão sonhado desenvolvimento sustentável. Pois desenvolvimento que degrada os recursos naturais, a caatinga principalmente, e custa caro para a sociedade, trazendo injustiças sociais, não é sustentável, nem em médio, nem em longo prazo.
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Publicado no Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Cajazeiras-PB, 05 de dez. de 2008.
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