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Novas Lembranças - Parte 2
Fuga e consciência (neurótico); Solidão; Sala de Espera; Ebulição Mental; Pátria Amada, Brasil!
Helena Mafra

Resumo:
Segunda parte do livro de crônicas "Novas Lembranças"

FUGA E CONSCIÊNCIA
(NEURÓTICO)

Clareia o dia, não sei se me levanto, pois para mim tudo está nebuloso.
Não tenho o quê fazer. Nem imagino o quê farei o dia inteiro. Será mais um dia cansativo, tedioso, longo. Fazer o quê e para quê? Tenho idéias, penso, sinto, desejo várias coisas inconsistentes, mas como irei executá-las? Não tenho nada, não sou nada, sou um incapaz. Em minha mente rolam coisas, possibilidades inúmeras, mas não posso sair do lugar; estou preso por amarras imaginárias. Eu quero muita coisa, porém, fazer algo do nada é impossível. Sei que não devo ficar parado, tenho que reagir, falar com alguém, tenho que sair à luta.
Continuo parado, não tenho com quem falar, nem para onde ir... Andar para quê, para onde? Falar com quem e para quê? Ninguém acredita em mim. Eu não acredito em mim! Estou preso ao chão. Ando com dificuldade dentro do quarto, mexo em minhas coisas, pego papéis, leio, penso e não encontro nada sugestivo para fazer. Penso nas pessoas ligadas a mim por laços de família e me angustio mais. Penso em amigos que já nem sei se o são mais. Puxa! O tempo passa rápido e eu nesta inércia que me deixa louco! A culpa me assola a mente. A inércia cansa mais do que o trabalho. Meu corpo dói, minha mente se cansa, minha consciência dói; mas o quê fazer? Em algum tempo, as funções que exerci, as desempenhei lentamente, intensamente, perfeitamente, enquanto pude, sem muitas vezes chegar ao fim...Ajo compulsivamente, sem hora para começar e sem hora para terminar. Afundo-me nas tarefas sempre estafantes, penso, meço espaços milimetricamente, palavras, frases, idéias, pontos, vírgulas, leio, releio, corrijo, mudo, o tempo passando, prazos se esgotando, tenho que acabar tudo isto, não sei se vou dar conta, não sei se quero fazer o que faço. As pessoas me esperam, pressionam, me olham atravessado, me cobram, criticam, não me entendem, não me aceitam, apertam meu crânio, me crucificam. Tenho que satisfazer a muita gente, tenho que dar conta, mas meu trabalho não está bom; acho; poderia estar melhor... Paro, penso, penso, olho tudo em minha frente e em redor, não sei se quero continuar, não tenho a mínima força para acabar. Sei que falta pouco para terminar tudo mas, como terminar? Não saio do lugar, nem enxergo mais o que fiz e nem o que tenho que fazer. Não aceito nada e nem me aceito. De repente, muito infeliz, largo tudo e vou comer alguma coisa. Passo perto da televisão e a ligo automaticamente. Não há nada interessante, mas me prendo aos movimentos até das propagandas. Mudo de canal várias vezes e nada me interessa, mas permaneço ouvindo e vendo sons e movimentos, tudo muito irreal, não tendo nada a ver comigo, com minha inteligência, com meu querer, com minha vontade, com meus sonhos, mas me apego a isto. Não perco uma palavra que dizem e ninguém pode me interromper, como se fosse tudo ali importantíssimo. Talvez porque exatamente não tem nada a ver comigo...
Movimento-me lentamente, corpo pesado, mente pesada, coração pesado, olho desconfiado para as pessoas da casa, como se desconhecidas fossem, tentando aparentar indiferença e normalidade, tento falar alguma coisa que morre, desvanece na garganta, nada importante... Quero que olhem para mim, que me ouçam, que saibam que estou ali, mas, ao mesmo tempo, não quero saber de nada e de ninguém. Não acho que alguém se interessa por mim... Interessam, sim, pelo que posso ou não produzir, em que estou incomodando, o que eu gasto por estar, infelizmente, vivo. Ando mais um pouco, de um cômodo ao outro, displicentemente, desnorteado, bebo água, bebo café, fumo um cigarro com prazer e culpa, continuo vendo televisão como fuga apenas. Se alguém faz um comentário sobre o que está passando, me aperto, pois não sei o quê e me calo, me agito levemente, continuando com o olhar fixo na telinha, mas com o pensamento longe dali, cheio de ansiedade, de angústia, de culpa. Permaneço cada vez mais preso ao chão, embora me sinta sem chão! Coisa alguma e nem ninguém, apesar da preocupação, me move a fazer alguma coisa que preste. Nada me move além de encher minha cabeça, cada vez mais, parecendo não caber dentro de mim e não reajo, não faço nada, não me posiciono. Encontro-me inerte, sem ação mínima! Não encontro espaço físico nem mental. Pareço um sonâmbulo, apesar de não conseguir dormir. Como, sem me alimentar; ando, sem caminhar; bebo, sem saciar a sede; falo, sem ser ouvido ou entendido ou aceito; penso, sem agir; desejo, sem ter vontade; sou, sem saber se vivo; estou, sem saber se permaneço; saio, sem saber se volto; volto, sem saber se fico; encontro pessoas, sem saber se estou com elas; vejo-as, sem saber se me querem; tenho encontros, sem ter me encontrado.
Sou, existo, vivo, sem ser, sem existir, sem viver, porque a tanto não me permito. Não tenho estes direitos...
As pessoas alimentam expectativas sobre mim, sem que eu seja o que elas querem. Fantasio, os outros fantasiam, eu vagueio por aí, sem sorte, sem norte, atormentado, sem querer, sem poder, flutuando, apesar do peso de viver, mesmo sem vida, prestes a cair num abismo sem volta, um fantasma do que o destino me impingiu, sem perspectiva, sem vontade de prosseguir, sem forças para suportar qualquer coisa ou alguém, nem eu mesmo, completamente exângüe!...
“Pare o mundo que eu quero descer!”
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LAVEI A ALMA

                     
Em pleno dia lindo de sol, num domingo, tresnoitada, ouvindo barulhos primários em todos os minutos dos dias, de pessoas também primárias, resolvi lavar minha alma! Há quatro dias ouço vozes de taquara rachada, gritos, falação inútil e vazia, mas incomodativa, noite e dia sem cessar. Além disto, batidas também de pés no chão, sendo meu teto, especificamente, de quem anda, como um primata, batendo com força total, os calcanhares no assoalho. Ontem, sábado, estes barulhos foram até as quatro da madrugada. Necessitada de lavar minha alma e mente, resolvi me abstrair de tudo e todos, escutando o meu barulho preferido: liguei meu som, pondo um CD da ópera La Traviata, em alto e bom som, ouvindo-a e curtindo-a inteirinha!
Chegou minha vez de vingar! Como incomodei! Ouvi, nas partes mais suaves da ópera, batidas fortes de portas, o pisar, mais forte do que nunca, das patas do sujeito do número 205, que mora acima do meu apartamento, dentre outros barulhos, de que fiz total abstração, cansada de agüentar só baixo nível! Ando desenergizada de tanta estupidez, dia e noite, noite e dia!
Ao alugar um imóvel nunca se sabe o que irá suportar. Depois, pelas nossas leis burras, dando sempre melhores prerrogativas ao mais forte, dono de algum poder, no caso o locador, fica-se perdido, condenado a morrer de canseira pelos maus vizinhos, sem saída, a não ser que se pague caro por uma única saída, a de se mudar, pagando alta multa contratual! A paz nesse mundo nosso capitalista é muito cara! É tão pouco o que se quer – apenas viver com respeito e um pouco de tranqüilidade no seu próprio lar!...
As pessoas deste prédio, parece, viveram perto de cachoeira, numa selva ou coisa parecida. Todas falam aos gritos, várias ao mesmo tempo, ouvindo-se, de vez em quando, mas a qualquer hora do dia ou da madrugada, o ruído abrupto de abrir e fechar janelas, sempre emperradas para estes movimentos, que, após estas tentativas dos barulhentos selvagens diminuírem o barulho, não se sensibilizando, ou não dando confiança, ouvem-se gritos de desespero e raiva, mandando-os calar. Não adianta... São insensíveis pela própria brutalidade de seu ser, nulos totalmente de educação de berço. Parecem, todos, filhos de chocadeira...
Como as pessoas andam embrutecidas ultimamente! O mundo está virando uma selva? Onde iremos parar se a lei do mais forte, do mais bruto, sempre continuar prevalecendo? Que rumo tomará nossa sociedade? Voltaremos aos primórdios do homem, ao primitivismo? Será necessária a volta ao início da humanidade, para que o homem recomece a vida em sociedade, para que refaça seu interior, aprenda tudo de novo, como viver bem socialmente, tendo respeito, pelo menos, uns pelos outros?! Se for para aprender tudo novamente, o que se perdeu, se refazendo melhor, tudo bem... Iremos aprender o respeito, a dignidade, a liberdade responsável, o amor ao próximo, os direitos de todos, principalmente, que o direito e a liberdade de cada um termina onde começam os do outro!
Com o andar da carruagem atualmente, estou perdendo as esperanças, não aceitando muito esta coisa de “homo sapiens”... O homem está perdendo o maior legado recebido ou conquistado - a sabedoria de Viver!...
Será que a televisão, o computador, a tecnologia enfim, estão nos embrutecendo? Ou será que as famílias e as escolas não educam mais?!
Tudo isto é muito preocupante!
    

                                       =============

                                                
SOLIDÃO


O que se segue não é Crônica. É um desabafo e, ao mesmo tempo, um recado aos meus filhos, num dia de solidão, em 07-09-1986. Acha-se meio fora de lugar, mas não quero deixar de registrar. Perdoem-me:

Hoje senti, objetiva e subjetivamente, meu primeiro dia de solidão!
Às vezes, frente a uma multidão, podemos nos sentir solitários... Mas não foi este o caso. O que sempre temi, aconteceu!
Depois do suave convívio com Cláudia, minha filha mais nova dos sete, e com meu lindíssimo, alegre e simpático neto Samuel, cujo nome foi sugerido por mim e durante recuperação penosa de cirurgia de uma hérnia de disco, com morte da raiz do nervo ciático, segundo o neurocirurgião, com bastante dificuldade de me locomover, com toda a perna esquerda e as partes pudendas dormentes,sinto o gosto de estar só, num sentimento forte de solidão. Foi com dor no coração que presenciei a saída da Cláudia, Samuel e Ivan (Júnior) de meu convívio diário.
O que esperava?! Estes estão iniciando sua vida familiar, necessitando independência para que se entrosem, progridam, cresçam juntos, se familiarizem, no sentido de se entenderem, o que peço a Deus aconteça o mais suave possível e mais duradouramente, com alegria no coração e com muita responsabilidade, persistência e determinação. Confesso! Foi a mais difícil separação, apesar de consciente desta necessidade. Passei o domingo todo inconsolável, procurando ouvir músicas de que tanto gosto, de Handel,Vivaldi, Rachimaninof, Norma de Belini, tentei a companhia dos livros e, como última tentativa, a televisão. Coisa alguma me satisfez, nem preencheu o longo domingo, o maior de minha vida.
Criei, com dificuldades de toda ordem, meus sete filhos, sempre me empenhando para acertar, como se fosse perfeita! São todos maravilhosos, com bons sentimentos, educados, hoje cada um com sua família constituída. Possuo nove netos lindos, inteligentes, saudáveis, em vésperas de nascer mais um da Virgínia, seu terceiro.
O quê a vida prepara para nós!...
Fiquei viúva há sete anos e meio e fui perdendo, de certa forma, os filhos e ganhando alguns filhos e filhas ( genros e noras) e mais os netos. A família cresceu muito de repente e eu, aqui, sozinha! Contrassenso!
Perambulo pela casa desde ontem, sem lugar, em pânico, com muita tristeza e amargura, angustiada, numa casa tão espaçosa!
O quê construí para mim? Nada...
Não sei nem se tenho o amor de meus filhos, a quem tanto amo, por tê-los deixado sofrer muito, não tendo força para evitar, procurando sempre protegê-los, é claro... Muita coisa lhes deixou marcas profundas, independentes de minha vontade.
São pedaços de mim, porém, inteiros para eles, com pleno direito, cada um, à sua vida, ao seu caminho e à vida que escolherem.
Espero que não recaiam nos meus erros... Que se preparem para uma velhice mais alegre, cheia de auto-realizações, de satisfação interior, para que transmitam só coisas boas e sejam sempre rodeados de amigos verdadeiros. Que jamais despertem compaixão de alguém e, sim, vivam alegres, satisfeitos consigo mesmos, tornando, autenticamente, sadio o ambiente em que viverem, para que descansem em paz na eternidade.
Felicidade, meus filhos, é o que lhes desejo de coração!
Tenham sempre em mente o que falam as escrituras:: “ o homem veio ao mundo para ter alegria”.
Percorram firmes o caminho que escolheram e saibam aproveitar o de melhor que este lhes apresentar, com dignidade e lealdade, afastando com perseverança as pedras inevitáveis que encontrarem.
Suas alegrias são a minha paz.
A paz de cada um é a minha tranqüilidade e satisfação.
O progresso de cada um é o meu sucesso.
A felicidade de cada um é a minha alegria.
Sirvam a causas justas, dignas; sejam leais consigo mesmos e com os outros, mesmo que não o sejam com vocês.
Pautem suas vidas na retidão e na honradez, que não perderão jamais.
Cuidem de sua mente e de seu espírito e vivam em paz.
Respeitem e amem inesgotavelmente seu cônjuge respectivo e a seus filhos, pois um foi de sua escolha, modificando-lhe a vida e os outros vieram ao mundo sem que pedissem, com sua ajuda e empenho, não se esquecendo de que, além de seres carnais, são entes espirituais, como vocês o são. A carne deteriora e o espírito permanece pelo menos em nossa lembrança, ou, como alguns acham, permanece alhures para sempre.
Tenham alegria de viver e sejam felizes junto aos seus, evitando amarguras no coração.                                                
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SALA DE ESPERA


Hoje, estava toda animada para ir numa clínica de ortopedia de meu médico, Dr. Saulo, para iniciar uma maratona de desagradável fisioterapia, depois de muita luta, sem saber se ia ser atendida por uma motorista de taxi que se propôs a me levar, dentro de um horário marcado pela clínica. Com muita dúvida se ela viria me atender ou não, enfim, apareceu à minha porta. Andava pra lá e pra cá dentro de casa, impaciente, já que o tempo se esgotava célere. Atualmente nunca se sabe se uma pessoa cumprirá o compromisso feito com você... Depois de fumar vários cigarros, à espera deste desfecho, eis que surge o carro branco, dirigido por uma mulher falante, que me levaria à clínica e me traria de volta pra casa. Como as coisas são difíceis hoje em dia! Tudo se transforma num gigante à nossa frente, nos criando angústias, aflição, ansiedade e muitas vezes frustrações! Será que a vida não está valendo a pena ser vivida, ou eu tenho o dom de ser tensa, de ver tudo maior do que é realmente?! Já nem sei mais a verdade ou a realidade de tudo isto...É tudo muito confuso, inseguro, amedrontador até. Cheguei à clinica já com outro humor e cansada. A sorte é que neste dia parecia que todo mundo estava com o falador aberto...Cumprimentei ressabiada os que estavam também esperando sua vez, sentei-me na única cadeira vazia, olhando pra um, pra outro, como se tomasse o pulso do ambiente. Deu-me vontade louca de fumar, me segurei um pouco, mas a vontade aumentou insuportavelmente. Levantei-me, me encaminhando para a varanda da clínica, acendi meu cigarro, sorvendo a fumaça com sofreguidão e prazer. Não sei por quê estava tão ansiosa e aflita...A espera me faz assim...A secretária me chamou. Já podia entrar e iniciar o tratamento, passando por várias condutas: turbilhão, ultrassom, uns choquinhos que não sei o nome exato. Lá dentro também todos estavam falantes. Tomei parte na conversa, muito animada. No fim dos procedimentos terapêuticos, despedi-me do pessoal, me encaminhei para a sala de espera novamente, sentei-me entediada, onde deveria esperar a motorista de taxi chegar para o retorno à minha casa. Levantei-me de repente, louca de vontade de tragar mais um cigarro, indo para a varanda. Começou aí uma conversa sobre o cigarro, com comentários de alguns que tinham parado de fumar e voltaram ao vício, numa conversa calorosa, entusiasmada dos presentes e da secretária. Fumei, com o mesmo sentimento de culpa de sempre, com algum desconforto, mas com vontade. Acabado o cigarro, desci uma rampinha para jogar fora a guimba na rua, não havendo ali um cinzeiro. Isto aumenta o sentimento de culpa. Voltei à sala, sentei-me novamente, continuando a espera da motorista chegar, a conversa continuando sem fim, parecia, cada vez mais animada, com relatos de doenças e doentes fumantes, de métodos para parar de fumar, da declaração de uma moça que nunca tinha fumado. De repente, estando já cheia daquele papo sobre o cigarro, dirigi a conversa sobre música. Apareceu logo a fala alegre de um senhor bem mais jovem do que eu, dizendo ter inventado de aprender bateria, percursão, todo entusiasmado. Por minha vez, declarei ter tocado gaita naquele dia, depois de meses sem tocar, desfilando todas as músicas que toco, exibindo meus dons musicais, esnobando só tocar músicas clássicas e trechos de ópera, ao mesmo tempo, quase como defesa, citando os preconceitos contra a mulher tocar gaita e o fato de ser velha, o que foi contestado por todos. Acho que era o que eu queria provocar... Todos admiraram, elogiaram. Acho que era isto que eu queria também... Após uma hora de espera e de papo, eis que a motorista chegou. Despedi-me de todos, deixando todos sorridentes, parecendo satisfeitos. Ao sair, acendi mais um cigarro, entrei no carro fumando, até chegar em casa. Até que o dia foi bom, apesar de cansativo devido à espera e à falação! Nem sempre a espera na sala de médico é agradável...No mesmo lugar, às vezes chego, olho em torno, vejo caras tensas, mau humor geral, sem comunicação nem com o olhar quase sempre escondido atrás de uma revista, que diz: não quero conversa, não conheço ninguém, nem me interessa conhecer. Fico aflita nestes dias, porque tenho mania da comunicação, começando sempre a conversar com quem está mais próximo, quando a conversa se estende para outros inevitavelmente. Parece que o silêncio fora de casa me incomoda, pois, seja num ponto de ônibus, viajando num ônibus, ou numa sala de espera, qualquer sala de espera, em todo lugar, não agüento, puxo conversa logo, logo, com alguém. .. Geralmente dá certo, a conversa flui. Se chego num lugar vejo a carranca das pessoas, a tensão em suas posturas, mesmo assim, puxo conversa. Se noto um desinteresse geral de entabular conversa num ambiente, calo-me exasperada, folheio também uma revista, lançando de vez em quando o olhar pra um, pra outro, ficando também “na minha”, como se diz hoje, angustiada por não fazer nada, nem conversar! Danço, conforme a música...Fazer o quê? Às vezes a espera é tão longa e navegar conversando, conhecendo as pessoas, é bem melhor!                                        
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E B U L I Ç Ã O   M E N T A L

Longos dias se passaram e não consegui escrever coisa alguma, apesar de a mente fervilhar de tantas idéias, de tantas fantasias, de discursos intermináveis sobre uma variedade incontável de temas. A inércia tomou conta de mim, impiedosa, me tirando a força necessária para a ação. As noites passadas em claro me torturam absurdamente, porque a mente não pára! A continuidade e persistência desta atitude já me incomodam muito, me provocando um cansaço enorme, insuportável. Pela manhã me levanto com duzentos quilos no corpo e na cabeça... As dificuldades e dramas das pessoas da família me transtornam mais do que o aceitável para qualquer vivente. Queria, se fosse possível, um controle remoto, um botão que acionado fizesse parar meu cérebro quando quisesse ou necessitasse de descanso, ou de uma interrupção momentânea. Poderia ser também um selecionador de pensamentos, evitando algumas vezes as preocupações nefastas ou cansativas... Estas são sempre as que não podemos fazer coisa alguma para resolvê-las, por serem de outras pessoas, cozinhando nosso cérebro e nossa alma, inutilmente. Como gostaria de bani-las de minha mente, já que me sinto impotente diante delas, mas verrumam meu cérebro, meu ser, numa constância insuportável, de maneira indomável, assustadora! Por outro lado, como é bom ajudar os outros em situações difíceis, angustiantes! Mas é tão raro acontecer isto, pois só podemos ajudar as pessoas quando elas querem ser ajudadas realmente. Mais difícil é tentar ajudar uma pessoa condoída de si mesma. Esta só quer falar de seus problemas, atormentarmos com suas dificuldades, sem qualquer movimento para a solução dos mesmos... Curtem obsessivamente as dificuldades e qualquer opinião de outros, bate e volta como se tivesse um muro de concreto à sua frente, conseguindo adoecer-nos a alma, achando assim um companheiro do seu sofrimento, talvez até aliviando um pouco seu interior por esta divisão. Não chega a ser uma catarse porque não constituiu de limpeza nenhuma em si mesmo; simplesmente encontrou mais um para sofrer junto... Que sacanagem! Queria ter também, além do interruptor para desligamento dos problemas alheios, uma carapaça protetora, me resguardando da contaminação destes. Acho até que teria mais condição de ser útil nas horas difíceis.





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P Á T R I A   A M A D A, B R A S I L ! !


Nosso País é “sui generis”! Além da mistura de raças, da mistura de política com futebol, da inversão de valores de toda ordem, pasma-se a todo momento com notícias, geralmente pela mídia e mesmo pela nossa percepção mais aguçada, de boatos fantásticos, que nos deixam boquiabertos, diante de tanta criatividade, às vezes ou muitas vezes para o mal... Já não basta a criatividade de nosso povo para a música, para todos os outros tipos de arte; não basta a alegria autêntica do brasileiro, ainda temos criatividade e coragem para derrubar pessoas, principalmente no âmbito político! É de impressionar a politicagem no Brasil! Os últimos acontecimentos nesta área nos estarrecem doidamente, com fatos e acusações vazias muitas vezes, outros óbvios e prováveis ou provados, desde que o sujeito seja ou não do PT, do grande e querido Lula. Aliás, o PT virou a Geni para os outros partidos, estes já com o cotovelo inchado de tanto doer pela grande vitória daquele, nas últimas eleições, vitória esta justíssima e sofrida. Não nos enganamos ao saber, de antemão, a dificuldade que teria o Lula para governar este País esnobe como o nosso, eivado de politicagem da mais barata e ferina,num país lotado de falsos burgueses... Qualquer Zé ninguém hoje derruba um ministro do governo, principalmente, se é do PT ou aliado. É tão clara a sujeira, que mesclam a coisa com acusações a outros de diferentes partidos, provam estas acusações, mas os políticos saem livres, livres, tirando sarro dos brasileiros, achando eles sermos todos burros e incautos. A perversidade no meio político é absurda! Se os políticos usassem a inteligência e a criatividade, a sabedoria, para governarem o País, com decência e honradez, nem seríamos terceiro mundo. Seríamos primeiríssimo mundo! Como têm facilidade hoje para desonrarem as pessoas! Os governantes mudam, mas as marcas ficam impregnadas na alma dos desonrados e na do nosso povo tão sofrido e, ainda, bom... Que pena!... Que País é este que nos atormenta tanto e nos assusta a todo momento? Não é a minha Pátria amada de antanhos, de homens bons, alegres, livres e faceiros! A falta de humanismo, decência, dignidade e honradez me assusta!


Biografia:
Nascida em Diamantina,em 26-02-1931.Iniciei a escola aos seis anos,quando tivemos que nos mudar para Belo Horizonte,eu emeus sete irmãos,meus Pais,dois Educadores,sendo meu Pai Diretor da Escola Normal.Chegando em Belo Horizonte, de trem-de-ferro,éramos 11 pessoas desembarcando na Estação Férrea de BH,isto contando com empregada e um seu filho.Não me aceitaram no Grupo Escolar Barão do Rio Branco(não tinha sete anos ainda).No ano seguinte,já que morávamos na Rua dos Inconfidentes,fui matriculada no Barão.Estudei 1 ano aí,quando dois anos depois nos mudamos para o Barro Preto,passando a estudar nas Classes Anexas da Escola de Aperfeiçoamento Escolar,onde minha Mãe passou a estudar.Era uma Escola com poucos alunos,selecionados por Testes,para servir ao Curso de Aperfeiçoamento de mestras.Cursando o segundo ano aí,mudamo-nos para o Bairro de Santa Efigênia,quando passei a estudar no Grupo Escolar Pedro II.Depois deste Grupo, como eram chamadas as Escolas de primeiro grau.Passei para a Escola Normal,hoje Instituto de Educação, tendo feito aí,também,o Curso de Formação de Professores e,mais tarde, o Curso de Pedagogia, no mesmo lugar.Anos após,fiz o quarto ano de Formação, que era chamado também, de Cursos Adicionais.Anos depois fiz Pedagogia,também no Instituto de Educação.Até aí lecionei em várias Escolas e sempre fazendo outros Cursos de especialização em várias áreas.Lecionei em Belo Horizonte, em algumas escolas, aliás, desde o primeiro ano de Formação já comecei a lecionar numa Escola noturna para adultos...Dei aula também em Araxá, em três Escolas,já casada e com seis filhos, tendo nascido mais uma filha aí.Voltando de Araxá para Belo Horizonte, trabalhei na Secretaria da Educação,depois passei para uma Escola de crianças e adolescentes com dificuldades especiais,logo,logo, tendo feito um Curso Especializado, tendo a matéria Fonoaudiologia, quando me saí muito bem,passei a trabalhar com a Fonoaudiologia.Em 1983,com o reconhecimento da Profissão,além de receber a Carteira Profissional de Fonoaudióloga,emitida pelo Conselho Federal,com Sede no Rio de Janeiro,e fui devidamente nomeada Fonoaudióloga do Estado. Aos cinquenta anos de idade, resolvi fazer o Curso de Direito na Faculdade Milton Campos, onde me formei.Até Curso de Taquigrafia inventei de fazer!Foram muitos outros feitos, com devidos certificados.Estava iniciando o Curso de Direito quando me deu vontade enorme de escrever um livro e o escrevi, durante muitos anos, num trabalho enorme e está guardado sem editar até hoje! Casei-me em 1953, aos vinte e dois anos,fiquei viúva em 1978, com sete filhos. Hoje tenho vinte e um netos, um casal de bisnetos,todos lindos e inteligentes.Aposentei-me do Estado em 1988 e adoro escrever e ler, amo música clássica e lírica e vou vivendo até quando não se sabe...
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