A porta
Fiquei na frente da porta fechada. Embora fechada, possuía vidros através de que consegui entrever o que estava do outro lado. Havia, certamente, pessoas. A quem mais pertenceriam aqueles risinhos aprazíveis? Não só sorrisos, pude perceber também um ou outro vulto. Sem dúvidas, havia pessoas naquele ambiente espaçoso. Ah, era espaçoso! E como mais o som se propagaria em ecos? É claro, era espaçoso, ninguém me tira isso da cabeça. Quis entrar, ou melhor, atravessar, mas a porta... a porta estava fechada. “É só bater, que alguém lá de dentro a abre para você”, falei para mim mesmo. “Sim, mas, se eu bater e alguém a abrir para mim com a maior facilidade, mostrando que, apesar de fechada, a porta não está trancada, não seria ocasionada uma situação desconfortável?”, respondi-me perguntando-me. “Realmente. A pessoa que a abrir pensará que se trata de um idiota, que a incomodou e a fez levantar-se do sofá para coisa tão besta. Então faça isto: vá lá e gire a maçaneta”, dei o conselho. “Se eu fizer isso, estando a porta trancada, o barulho será estridente e volumoso, pois o eco voa por todo aquele espaço. Dirão que sou mal educado. Seja como for, o pessoal não me receberá muito bem”, contestei. Fui embora, a porta continuou fechada, trancada?, não sei.
El-Buainin
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