– Passa a porra do dinheiro, caralho!
O rapaz teve medo do bandido, que apareceu de surpresa no meio da noite. No desespero, entrou no quintal através do portão e rapidamente o fechou. Mas a fechadura estava com defeito. Então, o bandido, irritado, abriu caminho com um chute, sacou a arma e apontou para a barriga do rapaz. “Eu vou te matar, pra você deixar de ser otário”, disse com um sorrisinho no canto da boca. Nesse momento, a vítima do assalto sentiu um misto de medo com ódio acumulado. “Que prepotência, que arrogância desse filho da puta!”, pensou ou sentiu. Num átimo, com um movimento arriscado, tomou a arma do assaltante. “Agora, é você quem vai levar bala, desgraçado!” E apertou o gatilho, mas a arma falhou. Ainda furioso, deu uma coronhada na cabeça do adversário, que caiu sangrando no chão do quintal. Tonto e quase desacordado, o bandido foi levado para fora. Lá, recebeu muitos socos e várias pontadas. Com um ódio fora do comum, o rapaz batia a cabeça do outro contra a calçada com toda a força. O sangue se espalhava.
Os vizinhos começavam a aparecer. E, sabendo que se tratava de um bandido, todos sentiram algum prazer naquela violência. De repente, o então agressor percebeu que aquele era apenas um cão ferido de pelos brancos, como algum lobinho do ártico, que mancava temeroso com o rabo entre as pernas. Ele deveria sentir pena? A vizinhança já estava achando tudo muito estranho. Mas ele precisava finalizar o que havia começado. Arrastou o animal até a beira da estrada, próxima a sua casa, e o atirou embaixo do primeiro caminhão que passou. O cãozinho foi triturado.
|