O PREÇO DAS COISAS
BARATO: UM PÉSSIMO NEGÓCIO!
É normal esperarmos as promoções de final ou início de ano para comprarmos determinados produtos, pois nesses períodos as grandes lojas fazem promoções imperdíveis, com preços abaixo de cinquenta por cento do valor normal. Há casos dos consumidores dormirem ou passarem à noite nas portas das lojas esperando iniciar a pechincha. Muitas vezes nem sequer estamos precisando daquele produto, mas tá barato, vamos lá e compramos.
Nas feiras e no comércio informal a regra básica é a barganha, se não tiver desconto ninguém compra, não tem conversa. Gêneros alimentícios e produtos têxteis populares são os campeões da barateza, que maravilha. O nordeste brasileiro é o campeão do turismo interno, muito além das praias, do litoral, da água de coco gelada, do sol e do mar, os preços das coisas são o atrativo principal. Todos vamos de férias para o nordeste e voltamos reclamando dos preços das coisas em nossa cidade. E aqui onde vivemos nem tem toda aquela beleza que Deus deixou no litoral nordestino e tudo é mais caro.
Mas o barato custa caro, comprar e vender barato não é um bom negócio como imagina inicialmente o nosso senso comum. Quantas consequências negativas podem causar esse tipo de comércio: servidão ou escravidão, poluição, furtos e quantos mais. Contudo, a pior consequência é a exclusão social sofrida pelas pessoas envolvidas nesse tipo de economia. A regra do nosso sistema econômico atual é produzir mais, mais rápido e mais barato para vender melhor, o lucro não vem do preço alto da mercadoria e sim do volume de vendas, da rotatividade do estoque.
Quando analisamos com mais seriedade ou com mias profundidade, nitidamente concluímos que o barato só prejudica a vida, não apenas a vida dos seres humanos, mais toda espécie de vida existente no planeta. Vidas ceifadas para servirem de matéria-prima, vidas submetidas a servidão e condições de existência subumana. Vidas de todas as espécies vitimadas pela poluição e pelo desequilíbrio do ecossistema global, entre outras.
Vamos pragmatizar um pouco para verificarmos a veracidade dessa ideia partindo do global para o local. Sempre considerando a qualidade de vida dos seres humanos em primeiro plano. Todos os países que apresentam alto índice de desenvolvimento humano estão localizados no hemisfério norte, enquanto os países que apresentam os piores indicadores sociais estão localizados no hemisfério sul. Nos países ricos do norte tudo é mais caro, nos países pobres do sul tudo é mais barato. No Brasil o nordeste barato é o que apresenta os piores indicadores sócias, segundo todos os relatórios da ONU. Verifique em sua cidade como vivem as pessoas que lidam com serviços e produtos baratos.
Não estamos fazendo apologia à carestia, contudo estamos tentando demonstrar que o barato não é um bom negócio para ninguém. O barato só reduz a dignidade humana, prejudica a natureza e promove o caos social. Se no cálculo do preço das coisas também fosse levado em consideração a dignidade da vida humana, o ecossistema e a paz social, certamente ninguém correia atrás do barato. Se o barato fosse tão bom assim o nordeste não exilaria tantos retirantes em todo o Brasil, e nem os países ricos teriam leis de imigração tão rígidas.
Felisberto Ruiz (felisruiz@gmail.com) Manaus AM. 30.10.2012.
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