Quando o brilho ofuscante de um sol enfervecente ofuscar meu ver, peço-te por favor, me dês a lua. A lua que ninguém viu, a lua que o sol apagou, a lua que o dia levou.
Quando a euforia tomar conta de mim, e invadir meu ser, e a alegria parecer eterna, peço-te por favor, me dês as lágrimas. As lágrimas jamais choradas, as lágrimas cristalizadas. Meu choro gritante, a dor cortante, tão passageira quanto o é o sorrir.
Quando nada faltar e o completo se estagnar, peço-te por favor, me dês a falta, me dês o incompleto. O incompleto que completa e preenche as lacunas vazias de um espaço esgotado dentro de mim.
Quando o dia for claro, peço-te por favor me dês a penumbra. A penumbra que esconde e oculta o que a luz outrora revelou, a penumbra que tão fria aquece, e que tão invasiva protege.
E quando quiseres ir, olharei pra ti, e chorarei em mim. Te deixarei ir, levando meu sorriso triste, meu olhar vazio e minhas lágrimas secas. Acharás-me enfim. Te verei ir, e gritarei muda a um ouvido surdo. Entre nós o silêncio de um despedir-se involuntário, te deixarei ir, levando a mim... E quando fores, peço-te por favor, me dês o ver-te voltar.
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