Em tempos de conhecimento, excluímos Deus de nossas explicações, julgamos ser Ele um atraso, e procuramos o avanço.
Em tempos capitalistas onde a produção intensa concentra o capital nas mãos de uma minoria, onde a cobrança é constante e a alienação massacra-nos, procuramos a paz e a justiça.
Em tempos nos quais a fome e a miséria tomam proporções intensas, em tempos onde a vida é demasiadamente periclitante, e a iminência de uma desgraça – ora pela própria natureza revoltosa, ora pelas doenças ou violência- se faz cada vez mais assustadora, procuramos segurança no inconstante.
Em tempos de dor, em tempos de míngua de viveres, em tempos de tristeza, procuramos lenitivo, procuramos o suprimento, procuramos a alegria na melancolia.
Em tempos onde a ganância fala mais alto que os princípios, em tempos onde o amor foi esquecido e a moral caiu em desuso, estamos perdidos, procuramos o rumo.
Em tempos onde a ciência se multiplicou, a crítica cepticista toma conta de nossas mentes, e parecemos a nós mesmos demasiadamente sábios, não temos sabedoria para amar, não temos sabedoria para nos compreender, procuramos nossa essência.
Em tempos onde procuramos não encontramos. E talvez tampouco percebamos que ao excluir Deus, perdemos algo tão abstrato quanto Ele, perdemos a nós mesmos. Inexistimos em vida. E nesse estado lastimoso de inexistência, jamais encontraremos, pois não somos, e só aquele que é procura e encontra.
O ciclo da vida durante séculos de existência humana nos trouxe por fim aos píncaros do paradoxo medíocre. Ganhamos conhecimento e perdemos o amor. Ganhamos poder e perdemos a sensibilidade. Ganhamos o mundo e perdemos a nós. De que adianta nossos ganhos? Se já não somos, e se não somos, também não ganhamos.
Que se resgate o nosso ser, que se resgate Aquele que é o existir, que se resgate Deus, para que por fim encontremos o que procuramos.
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