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A Noiva.
Fernanda Meneses

Tem um rosto jovem em frente ao espelho agora. Ele possui um olhar banhado em lágrimas, embora não esteja triste. Algumas dessas pequenas gotas rolam pelo rosto e encontram um vestido simples, branco, não muito longo, deixando suas marcas molhadas enfileiradas no tecido leve. Acima desse rosto há a metade de um penteado, cujas formas são cuidadosamente adaptadas por uma mão habilidosa à flor natural que o ornará. O ar está aromatizado por um perfume que torna tudo mais vivo e mais poético.

É tudo tão lindo que não parece real. Ela se sente como flutuando em uma nuvem e esperando o momento que o vento soprará e ela despencará lá de cima. E é assim porque não acredita que, depois de tantos anos de solidão, de medo, de dor, ela estava experimentando a felicidade... Além disso, ela temia. A luz do sol pode amedrontar, algumas vezes, àqueles cujos olhos estão acostumados às trevas. Dessa forma, ela se via numa roda de sensações que girava e permitia que cada uma ocupasse a posição principal conforme se movimentava, mas ela queria aquilo, embora esse misto de sentimentos.

E nem sempre fora assim. Nem sempre ela sonhara com um pedido de casamento escorrendo dos lábios de quem amava, nem fora do tipo romântica. Realmente não se importava com vestidos brancos, sims ditos ao luar ou um anel enfeitando o dedo. Ela apenas queria viver sua vida solitária, talvez ter uma ou outra companhia algum dia e uma carreira profissional de sucesso. Então, exceto o último item, tudo muda. Alguém aparece na vida dela e faz com que deseje que essa pessoa a ame a ponto de querer passar a vida (ou o máximo disso) junto a ela.
Era certo deixar que alguém invadisse sua vida e quebrasse todas as barreiras que construira tão arduamente durante os anos para que te impedissem de sofrer? Sim, era. Era certo ser feliz e lutar por isso, mesmo que corra o risco de se machucar, de despencar de uma nuvem, e, sabendo disso, ela se ouviu dizendo “sim” a um pedido feito com um anel sem pedras preciosas, mas que simbolizava todos aqueles sentimentos puros e belos que ela não imaginara ser capaz de sentir.

Naquele momento, ela deseja ser, por apenas um segundo, capaz de revelar seus pensamentos e compartilhar aquelas explosões de coisas belas com ele, pois, por mais que tentasse usar metáforas e chorasse todas as lágrimas dos seus olhos, nada seria capaz de transmitir fielmente o que sentia. Todavia, apenas o abraçou o mais forte que podia e o beijou docemente.

Agora ela levanta-se, pega o único copo de leite deitado sobre a cama e enfeitado por um cetim lilás. Em seguida, anda por um caminho enfeitado por outras flores presas a areia da praia até um altar em que estão duas pessoas: o responsável pela cerimônia e aquele a quem ama. Mais alguns passos, o brilho da lua ilumina os três, um sim, um beijo, apenas isso.


Este texto é administrado por: Fernanda M.
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