Em altíssima velocidade, o imenso caminhão corria vorazmente pelo negro asfalto, que era protegido, naquele dia de Sol extremo, pelas várias árvores que o ladeavam. Embora o perigo fosse absurdo, Sebek, agachado, sustentava seu corpo sobre a carga metálica da grande máquina. Sorridente, demonstrava total confiança, como se fosse ele quem estivesse no controle daquilo que parecia incontrolável. E quem o visse admirava-se por tamanha coragem.
Sebek, quando se comparava aos demais, achava-se incomparável. Não havia, no planeta, no cosmos, alguém tão insuportavelmente confiante quanto ele. Confiante em sua força, em sua destreza, em sua superioridade. E, da parte dos outros, sua soberania era divinamente inegável.
De repente, os sinais mudaram. Obedecendo-os, o caminhão, cada vez mais furioso, fazia uma curva fechadíssima à direita, e, sem o domínio que acreditava possuir sobre o monstro, Sebek relutava em rumar por aquele caminho estranho e diferente dos que conhecia. Mas os sinais, não percebidos ou não aceitos por ele, eram outros e, independente de sua vontade, deveriam ser respeitados.
Por não haver seguido a estrada com aquele que, indômito, se mostrava mais selvagem e mais poderoso, Sebek e sua carga foram arremessados para muito longe, até caírem num rio de águas cristalinas, cujo brilho, sob o Sol escaldante, tornava-se intensificado.
No Paraíso, ainda com o pensamento no caminhão e na enorme distância que os separava, contemplou triste a carga metálica que, então, reluzia tanto quanto o rio. Deste, emergiram dois gigantes e ameaçadores crocodilos, que iam lenta e inexoravelmente em sua direção. Quando próximos, Sebek apenas fechou os olhos.
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