Pregado na cruz, na última gota de sangue,
entregou seu Espírito, o Filho de Deus!
Chorava a mãe Maria aos pés do filho exangue,
exausta das blasfêmias, dos cegos ateus.
A carne santa, agudos cravos perfuraram:
As alvas mãos que trouxeram os pães do céu;
os santos pés que em áridos chãos palmilharam.
E para coibir as dores, deram-lhe fel.
Na imolação da cruz, rogava ao Pai de amor:
“-Perdoai –os Pai, eles não sabem o que fazem.”
Na excelsa compaixão dos seres em torpor,
sedentos de sangue, qual moscas que se aprazem.
E a cega multidão num desvario insano,
de alterados gritos sonâmbulos sem luz!...
Bebia às bordas da cruz, o lodo mundano;
e açoitavam línguas, qual chicote na cruz.
No gólgota, posto entre dois ladrões ateus,
mesmo em agonia, luziu sua virtude.
Deu luz àquele que O viu: O Filho de Deus!
Deu esperança da outra vida em magnitude.
No último suspiro, da crucificação,
a terra mergulhou nas trevas e no horror.
O sangue aspergido, haurido do coração,
fora o sagrado emblema do perfeito amor
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