Nem saudade dos prantos eu levaria,
se o sol não luziu no orvalho da manhã.
No meu seio, minha fome cessaria,
se frio o coração, parasse amanhã!
Quanto perfume exalei, perdido ao vento...
fervendo o sangue ao meu terrível afã.
Secaria a lágrima à face ao relento,
se eu níveo, não mais acordasse amanhã!
Tateei vozes com as mãos da cegueira,
e desmaiaram os meus sonhos no divã.
Teria apenas a solidão matreira,
se os meus olhos não se abrissem amanhã!
A minha dor, era a lava que escorria,
e queimou do peito a semente loucã.
Provei venenos, nunca mais provaria,
se a minha boca emudecesse amanhã!
Morreria no silêncio de um deserto,
como estrela que se apaga de manhã,
pintando de vazio o céu descoberto.
Pintaria o céu, se eu partisse amanhã.
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