Finda-se o dia, apagam os sentidos.
Uma tela de estrelas cobre o céu,
e na moldura, o silêncio é um véu,
que faz dormir para o mundo os ouvidos.
Nos olhos da noite os sonhos se lançam.
Se chora e ri, nas viagens da alma audaz.
Guarda-me à noite, Deus! Que eu durma em paz!
Livra-me dos maus sonhos que balançam.
Também guarda os que estão a prantear:
pelas calçadas úmidas dos prantos,
leva em teus braços ao doce recanto,
quem não tem um leito para deitar.
Nos leitos de dor, vem a noite aflita.
Conforta os enfermos a delirar,
que nem mesmo a noite os fazem sonhar,
secos a uma gota da água bendita.
Almas das noites de devassidão,
às vagas das sombras a delirar,
com taças de orgias a transbordar.
Inspira-lhes Deus a pedir perdão.
Guarda-me Deus à noite em teu amor.
Se eu adormecer e livre sonhar,
mas se do sonho não mais acordar,
Dá-me o consolo, meu Consolador.
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