Transparente qual ventania assolando.
Silenciosa qual vela se consumindo.
Assim é, a ferida da alma queimando.
Como uma úlcera invisível exaurindo.
É úlcera invisível ardente no seio.
Que faz à dor a visão enegrecer.
E a boca cerrar embebida de enleio.
E o coração desmaiar e estremecer.
É arrebol que fenecendo à última luz,
alça a erma noite, libertando os gemidos.
Na réstia da morte, no afogo da cruz,
e deliram sem voz os sonhos tolhidos.
É canto exausto de uma alma, ecos doridos.
Às vagas do vento, buscando em outra alma,
fartar-se em belos lábios umedecidos,
do puro néctar de amor, buscando a calma.
E no assomo dos gemidos sensitivos,
afoga-se o peito às tristes melodias.
É a ferida da alma, com vurmos ativos,
que arde, queima, às internas ânsias sombrias.
Na noite saudosa aspergida por sangue,
na escura caverna às entranhas do ser.
Solidão, de joelhos, um sonho tão langue,
o régio sol e a alma nua sem se ver.
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