Eu sou a terra: A mãe, a fecundidade!
Foi gerado o homem no meu ventre de lama.
Também binomia com voracidade.
Meu leite alimenta, mas meu fogo inflama.
No delírio das sementes sob a leiva.
Dou vida às árvores, e mel para flores,
sabor aos frutos, e força para seiva.
Mas sem vida, tudo abarco em meus pendores.
E veio a mulher, fecunda e divinal.
Pois sou o puro ventre de gestação.
O fundamento da vida original.
Pelo sopro de Deus, eu sou a razão.
Dou o lar: Desde as cavernas primitivas,
às hodiernas habitações que acobertam.
Dou as fontes, para sanar sedes vivas.
Sou a senda dos suores, que despertam.
Tudo brota do meu ventre desposado.
A videira, a gleba, até a própria taça.
E a mim, tudo volta, sem vida, ensecado.
A vida na morte, em meu seio entrelaça.
Sou a mãe que fomenta os filhos da terra.
O sustento que farta, a veste que cobre.
O berço de toda vida que se encerra.
Eu sou a terra, a esfera azul: Eu sou nobre!
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