Morte! Tu és a ceifa em mistérios envolta.
Dás asas ao infinito à alma cativa.
Cinges a potestade à terra furtiva.
Aniquilas do peito a chama revolta.
Morte! Tu que pegas a foice dorida,
e corta sem dó, o cordão vital da vida.
Tu abates toda autoridade do mundo.
Levas ao pó rótulos, honras e glórias.
Fazes do carnal em vestes transitórias.
Findas os sonhos em teu seio profundo.
Morte! Teu nome em todo verbo está escrito.
Sobre as faces esculpes teu infinito.
Fazes heróis tremerem no cadafalso.
Ceifas o orgulho, emudeces os bravios.
Teus raios atravessam portais sombrios.
Dás o sabor da agonia em teu encalço.
Morte! Que a alma agarrada à carne se agita.
Fenece os sentidos!... liberta, dormita!
Tens justas leis e guardas o real peso.
Pagas para cada um o seu galardão.
E cobras dos ímpios a justa fração.
Queima o mormaço , do teu archote aceso.
Morte! Provas que a densidade é ilusão,
quando as almas arrebatas deste chão.
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