Ruth guarda a roupa de Jonas na bolsa enquanto Simão ajuda o pai na cadeira de rodas, ali no corredor, Yolanda assiste a cena com cara de quem vem as lágrimas a qualquer momento.
- Pare com isso sua velha louca, você não chorou nem pelo seu finado.
- Qual deles?
- Como está?
- Ótima, igual a você.
- Não, você ainda tem seus pés, sua dignidade.
- Você também, só os deixou de férias, por enquanto.
- Gosto de saber que irei te-la por perto na fazenda.
- Eu também, querido.
Ruth sai primeiro com a bolsa e esbarra em Yolanda.
- Cuidado querida.
- Vá se lascar. Ela sai do hospital e fica no táxi vendo Jonas ser colocado no carro, logo seguem para a fazenda.
Ao chegarem, Ruth vai para a cozinha e confere os preparos do almoço adiantado devido os medicamentos de Jonas.
- E então?
- Acho que vou passar a lavagem que esta sendo feita por aquela ali, que tal irmos a um bom lugar com comida de verdade hein?
- Pai?
- Vamos, não é sempre que tenho a família real aqui comigo e ainda sabendo que irão ficar uma boa temporada comigo, quero festejar, posso?
- Acho ótimo, sempre. Yolanda toma parte e diz.
- Então pronto, vamos.
Ruth sai até a sala.
- Vão sair mesmo, agora, o almoço esta quase pronto, Jonas você acabou de sair do hospital, é isso mesmo?
- Vamos gente de bem. Jonas sai dali seguido por Simão e Yolanda que olha para Ruth com certa alegria no rosto.
- Quer saber a real, fodam-se. Diz Ruth saindo para o seu quarto, Jonas olha e tenta ir atrás mais ainda não tem a facilidade com a cadeira.
- Inferno. Simão o ajuda deixando o pai frente a porta do quarto de Ruth, ele bate a porta que é aberta, ao entrarem, Ruth esta a jogar seus perfumes e pertences a parede quebrando quase tudo ali.
- O que quer?
- Depois, iremos falar, a sós.
- Quando quiser, e faça com a sua vida, essa merda de vida que tens o que bem entender.
Ele sai com ajuda do filho, Ruth continua a quebrar suas coisas quando toca seu celular.
- Oi.
- Filha você esta bem?
- Aquele desgraçado, ainda quer me fazer mau.
- Seja paciente, estou chegando.
- Quando?
- Amanhã.
- Você vem mesmo?
- Sim querida.
Ruth desliga e vai se abaixando até chegar no chão ali ficando a chorar e olhar tudo ao seu redor.
Noabe sai do escritório e vai até o caixa onde Firmino esta terminando de atender um casal jovem.
- E ai?
- Legal.
- Vai ficar até fechar?
- Lógico que sim.
- O que esta acontecendo?
- Como assim?
- Eu te conheço, sei que tens algo te pertubando, no minimo.
- Tá certo, me pegou.
- E?
- Acho que estou gostando ai de alguém.
- Ai não, outra crise daquelas?
- Calma ainda posso recuar.
- Sério, séio mesmo você acredita nisso que acabou de dizer?
- Acho que sim.
- E ai, quem é dessa vez?
- Uma mina ai de 19 aninhos.
- Oh não, uma baby?
- Pare, não gosto quando trata assim minhas garotas, hein.
- E ela?
- Ainda não sei o que realmente ela sente por mim, sabe, ela é meio misteriosa, entende?
- Talvez seja isso o que te faz preso nisso, quero conhece-la, traga aqui.
- Tá louco pra você contar meus podres, jamais cara. Risos.
- Sabe que quero você muito feliz, você é um irmão pra mim, mano.
- Eu sei.
- Olha eu estarei sempre aqui, meu irmão mais novo e doidinho.
- De boa, valeu. Eles se abraçam ali.
Cássia termina de atender o paciente e sua secretária lhe diz que o próximo só será ao final da tarde.
- Bom, vou aproveitar e fazer uma visitinha pro Noa.
- Que legal, ele vai amar com certeza que vai.
- Fui. Ela pega o seu carro e sai para o restaurante de Noabe no estado vizinho, atravessando a ponte para o Mato Grosso do Sul e nisso sente um mau súbito indo a desmaiar, o carro perde o controle saindo da rota e indo para fora da ponte, ela cai num banco de terra imundado raso.
Em poucos minutos, bombeiros, resgate, policia, todos ali, ela é retirada com vida, porém muito ferida e com traumatismo, é levada para o hospital em Presidente Prudente - São Paulo.
Noabe recebe a ligação que o tira do primo, ele sai desesperado do lugar e Firmino ao ver aquilo sai atrás do amigo.
- O que houve?
- A Cássia, a mulher que eu amo, ela sofreu um acidente, não, não pode ser, eu tenho que ir, vou pra lá agora.
- Onde ela está agora, em Epitácio?
- Não sei, preciso ir até a ponte.
- Ponte?
- Sim.
- Não, eu vou com você, amigo.
- Vamos.
270821...........
Noabe chega ali no local do acidente junto de Firmino que olha para tudo ali, o veiculo de Cássia esta sendo guinchado, um policial vem a eles.
- Sentimos muito Noabe.
- Para onde a levaram?
- Foi para o hospital geral de Prudente.
- Então foi muito sério, o que houve de verdade?
- Ela sofreu um traumatismo, foi o que eu ouvi da equipe que atendeu.
- O quê? Noabe grita em dor ao receber aquilo, Firmino afasta o homem e retorna para falar com os policiais e logo coloca Noabe no carro seguindo rumo a Presidente Prudente - SP.
Dolores e Elza ali em rezas na cozinha enquanto Leonor limpa as mesas que os clientes terminaram as refeições, logo ela se junta as colegas e rezam um Ave Maria juntas, os fregueses chegam e elas retornam ao trabalho.
Ruth sai do quarto e o Silêncio impera na casa, da varanda ela vê os peões a trabalhar com os animais e as mulheres com os baldes com roupas e seus afazeres, seu celular toca ela atende.
- Oi.
- Olá querida, o que houve que não me procurou mais?
- Celso?
- Isso mesmo gatona.
- Ficou louco, já te disse que não ligue para mim.
- Saudades, já são 3 semanas sem ............
- Vá se lascar, depois eu faço um pix.
- Acha que sou movido a dinheiro, só isso que me importa, é isso?
- Você é um prostituto, só isso.
- Nossa, o que houve, muito estresse hein, vem, vamos marcar, que tal uma tântrica, champa, morangos, mel, vamos?
- Tenho uma fazenda para cuidar e não sou como suas desocupadas daí.
- Bem, você que sabe.
- Eu te ligo e fique em paz ai, já te mandei o que quer.
- Beijo.
- Cachorro. Ela desliga e sai para o campo em ordenança aos funcionários.
Rosa termina de servir o chá para si e para Igor que bebe em goles modestos olhando para ela.
- Quando vão mudar?
- Amanhã, bem cedo.
- Já estou com saudades.
- Tenho algo para te dizer.
- Diga.
- Acho que vou ficar por poucos dias naquela casa.
- O quê, vai voltar para a sua cidade?
- Não, mais estou negociando um sítio aqui perto.
- O quê, vou ter um amigo sitiante?
- Acho que, bem, provavelmente.
- E eu?
- Já esta mais que convidada para me ver quando quiser.
- Amei, mais e Leonor, nossa amiga, vai leva-la?
- Seria ótimo, não acha, mais depende dela, somente dela.
- Olhe se ela fizer corpo mole, eu vou, te digo já, eu vou na hora tá.
- Você já é convidada de honra pra visitar e morar lá se quiser.
- Adorooooooooooo, você é um amor sabia?
- Obrigado.
- Lindo.
- Vou sair e resolver algumas coisas, quando voltar trago novidades.
- Tudo certo amigo, vá com Deus, sempre.
310821....................
Igor fecha negócio com o proprietário do sítio, agora ex, eles seguem para Bataguassú MS no cartório de lá os documentos são assinados e Igor transfere o valor para a conta do ex dono.
Noabe chega na recepção do HR de Prudente junto de Firmino, o homem esta todo aos nervos, Firmino fala com a atendente e vem a Noa.
- Ela esta em operação.
- O quê?
- Ela foi, esta no centro cirúrgico.
- Eu quero ve-la.
- Não pode, sabe disso, vamos ficar aqui, logo alguém virá nos dar noticias.
Na sala cirúrgica, a luta pela vida é decretada ali, Cássia entubada e já em anestesia sobre uma cirurgia na vertebra e nas pernas, porém ela não responde e vem a óbito, o doutor olha para os demais.
- Hora do óbito.
- Ás 13:45.
O horário é marcado e o aparelho desligado, o médico sai junto de 3 enfermeiros e logo é dado a noticia a Noabe e Firmino.
- Não. Grita Noabe ali, sendo amparado por um enfermeiro e Firmino.
Leonor atende a ligação no telefone do restaurante.
- Seu Firmino.
- Oi Leo, diz ai que..........
- O quê, seu Firmino, não, não pode ser.
- Sim, acabou de saber e.........
O homem desliga e Leonor vai até a cozinha.
- Meninas, a mulher do sr Noabe faleceu.
- O quê?
O desespero toma conta do lugar, Elza e Dolores choram muito.
- E agora, o que vai ser do patrão?
- Vamos trabalhar muito para eles.
- Mais e ele?
- Ele vai ficar com o sr Firmino, vão cuidar dos papéis por lá, a gente vai atender tudo como se fosse normal, depois que sair o último freguês a gente fecha.
- Não sei se vou conseguir.
- Vamos sim Dolores, vamos sim, o sr Noabe merece todo o nosso apoio.
- Sim, vamos.
Ruth termina de arrumar alguns documentos no escritório da casa quando Simão entra.
- O que esta fazendo?
- Guardando, conferindo, arquivando.
- A partir de agora eu cuido disso.
- Por quê?
- Por que eu quero que seja assim.
Diz Jonas entrando ali com auxílio de Yolanda que empurra a cadeira.
- O que quer com isso Jonas, quer me humilhar é isso?
- Você não presta.
- Tudo bem, já chega, vamos pôr tudo na mesa, se eu não presto, você tampouco vale algo.
- O que diz sua.........
- Meça suas palavras, sou sua mulher não aquela vagabunda, você comeu por aqui e ali.
- Talvez por que ela me dava prazer.
- Qualquer égua ali do pasto lhe dá.
- Cale-se vagabunda.
- Já chega, eu fiquei calada e deixei que você fizesse o que fez por que achava ser o certo, fui tola, mais agora.
- Agora, agora, o quê?
- Você esta sob meus cuidados.
- O que diz?
- Se esqueceu, foi assinado o termo no hospital, querido.
- Aquilo era somente praxe, nada mais.
- Será, eu não sei, o que sei é que enviei cópia para o nosso advogado e juiz........
- O que você fez, sua tranqueira?
- Você esta interditado, eu comando tudo, tudo entendeu?
- Sua vigarista.
- Fale o que quiser, sou tua esposa e o juiz me conferiu este direito.
- Ordinária.
Jonas tenta sair da cadeira para agredi-la mais é vencido naturalmente.
- Fique tranquilo, ao contrário de você vou trata-lo como ser bom que és, mais não lhe dou e nem te darei o direito de me tratar igual uma..........
- Vagabunda.
- Vou sair, não quero mais discutir contigo.
Ruth sai seguida de olhares dos 3 ali.
Leonor termina de atender o último freguês quando as suas colegas já terminam a limpeza da cozinha e salão.
- Pronto, agora vamos fechar.
- E as chaves?
- Ja mandei mensagem para o seu Firmino, ele pega na sua casa Dolores.
- Na minha?
- Sim, por que, não pode?
- É que eu vou pro Bata com meu primo.
- Tudo bem, fica com a Elza, eu envio outra mensagem.
- Não, fique com você, eu tenho aula.
- Voltou para a escola?
- Sim, já tem duas semanas.
- É bom saber, a gente tem sempre de alimentar e muito bem nosso cérebro.
- É verdade.
Leonor manda uma mensagem quando Igor surge na porta do lugar.
- Igor.
- Oi, ola garotas.
- Oi bonitão.
Igor é colocado á par da última e já de pronto se põe para ajuda-las.
- É só chamar, cozinhar eu até faço, mais sei muito sobre administrar, isso se eles quiserem.
- Vou falar com eles.
Leonor diz para ele, logo o restaurante é fechado, as duas seguem para suas casas e Leonor vai com Igor para o hotel.
- Tenho novidades mais agora com esta que me contou já estou até sem gáz para contar a minha.
- Mais conte, não me mate de curiosidade, vai.
- Comprei um sítio.
- Um sítio, ai que luxo.
- Sim e quero saber se a madame vai para lá também.
- Eu, bem, claro que vou querido.
Leonor abraça Igor e eles riem muito, logo chegam no hotel.
020921...........
- O quê, você vai morar no sítio?
- Eu vou, você gostou?
- Eu, bem, sei lá, eu queria ir para lá e ai?
Rosa responde um tanto em desalento por saber que Leonor vai morar no sítio, Igor entra no assunto.
- Meninas, amigas, eu já disse, é um sítio com 4 quartos ou seja, eu quero vocês duas lá comigo, entenderam?
- Sério mesmo, é bem grande lá?
- Sim eu vi as fotos e os vídeos que o dono fez, fui lá pessoalmente e apesar de estar um tanto escuro, eu vi, é bem grande.
- Me desculpe Igor, Leonor, é que eu gosto tanto de vocês e...... não quero ficar longe, jamais.
Rosa deixa as lágrimas rolarem, Leonor a abraça seguido de Igor.
- Sua boba, você esta com a gente hoje, amanhã e sempre, entendeu bem.
- Eu amo vocês.
- Nós te amamos muito mais, sua linda.
Duas semanas passam e Igor já se mudara para a casa que Leonor alugara, ele a ajuda no restaurante, Noabe aparece de 2 a 3 dias na semana ficando quase nada ali, sempre em choro ele confere a contabilidade e os pedidos de mantimentos para o comércio, Firmino tivera de fazer uma viagem para modelar a um catálogo de praia, quando chegou assumiu a churrasqueira mais sempre fica entre o comércio e o amigo na casa de Noabe, sendo que Noa esta se entregando a bebida de forma drástica.
Igor decide por levar os livros de contas e outros documentos para Noa em sua casa em Epitácio SP, ele desce do ônibus no posto fiscal e segue de táxi para o residencial onde Noabe reside, chegando ele é liberado na portaria depois que informam de sua chegada para Noabe.
- Igor.
- Olá Noabe.
- O que houve?
- Posso entrar?
- Sim entre ai.
Igor vai olhando a desordem que esta o lugar, o cheiro de álcool é bem forte, Noabe se joga no sofá em meio a litros e latinhas de cerveja, no chão várias caixas de pizza e marmitas.
- Nossa, você esta bem solteiro aqui hein.
- O que diz?
Na mão de Noabe o porta retrato de uma viagem que fizera junto de Cássia.
- Trouxe o livro caixa.
- Amanhã eu irei para lá, depois eu vejo, tudo bem?
- Não Noabe, acho que você já esteve por muito aqui.
- Eu enterrei minha mulher, você entende isso, não, afinal você não tem mulher não é, você é gay e só sabe sobre homens, é isso não é?
- Me desculpe mais eu acho teu luto um tanto destrutivo, sentimento a gente guarda em lugar bom, bonito, é isso que sua mulher quer de você não você se destruindo, é isso que eu entendo.
- O que quer de mim?
- Que você se levante e seja um homem, só isso.
- Olha quem diz isso.
Noabe se dá conto do que acabara de dizer, Igor joga o livro no sofá e segue para a porta, coloca a mão no trinco e para.
- Não, eu não vou deixar isso assim.
Igor retorna para Noa lhe tirando a força do sofá, levando o homem para o banheiro onde liga o chuveiro.
- O que esta fazendo, ficou louco é isso?
- Faço o que tem de ser feito. Igor empurra o homem para debaixo da água e ele se descontrola indo parar junto com Noa e nisto surge o beijo entre eles.
020921...........
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