A solidão dos oceanos |
Chico Caninde |
Resumo: A solidão dos caramujos não é compreendida e nunca esta longe dos corte das palavras laminadas que cortam o brilho do sol.
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A solidão dos Oceanos
A solidão dos oceanos nos olhos os rios a partida é carga de pedras
os cortes no espaço palavras laminas é noite na matéria
o rio não retrocede mesmo com a mania de por as águas ao contrario
as maquinas agonizam na lama a boca seca os gritos. E você?
Versos oceanos em fúria a fera mira da janela a solidão
pendurada nos galhos do cajueiro.
O gosto de amar o mar e amar com desejos abissais
os dedos na carne viva em batalhas loucas fui rei.
O mar de amar quando seca resta as fotografias desbotando lentamente
no porto ponto de partida para novas terras e mares intestinos caminhos exteriores.
No útero do infinito o olho do astrônomo
se delicia com o gozo colorido das galáxias parindo estrelas.
O arqueólogo procura com mãos rachadas e unhas estraçalhadas
cacos de louças para montar e desvendar segredos
guardados no ventre da terra.
A vida multicor as fotos amarelas ali cravadas nas pedras
feridas feitas a ferro em brasa palavras entre pratos quebrados
pedaços de versos inúteis sobre a mesa e o silêncio na divisão.
Ao redor caranguejos esperam o que cai dos pratos é a lei do material
as vezes as almas se contentam com uma cesta básica quando não muito em algumas esquinas de mão estendidas esperando migalhas depois da chuva as pedras de gelo pedaços de amores se encontram nos rios.
Nesta empreitada algumas almas teimas em achar que não foram vencidas por querer mais do que podiam.
Muita gente não sabe do significado do vôo das Tanajuras na preparança da chuva nos seus avuares mais antigos que o grego Ícaro traído pelo desejo da alma voadora queria vuar mais do os passafinhos estatelou-se nos lageiros lá pras bandas dos Dardanelos.
- Alguém duvida? Se duvida faça um levantamento.
Dói a solidão de perder as asas sem perspectivas de outros braços de mares
e outros córregos de espíritos navegantes onde o primeiro instiga o segundo
o terceiro instiga o quarto onde dorme o quinto que fustiga uma infinidade de outros sem nenhuma dó na lei do cão.
O amor vale para os tolos navegantes dos mares e ares que não sabem aonde vão.
Dores intestinais provocadas por vermes sedentos não falham na solidão dos vencedores alguns rios rugem entre rochas e areias.
Com sede o caminhante sucumbe na busca do arcos dos braços do grande amor.
O coração falha na luta contra as desilusões as feridas da partida marcas
do grande amor.
Os oceanos não perdoam marinheiros de água doce
as batalhas são como aprender a andar de bicicleta
o embate das ondas deixam as pedras lisas na beira do mar
os amores são como prédios depois de terremotos.
Oceaneiros não maltratam quem anda a beira mar
pra alguns o adeus é mais cruel do que a falta das ondas na praia
onde os bois ficam grunindo olhando pru céu assim enfrentam guerreiros invisíveis
e as duvidas ficam no ar na Frase - Eu te amo.
Cavaleiros celestiais não abandonam a vida amando o peito apunhalado
por palavras com talhos delicados de Chibancas.
Dominar o ar grande amor e amar não é para todo mundo o amor é de todo mundo
nas encruzilhadas nas ruas ate na outra beira do rio na partida sempre fica um vazio
de não se saber aonde ir no metrô no ônibus ninguém senta ao lado.
Existem algo nos corredores do destino! Existe?
Se existe é falho fraco distante falso e difícil
Mas vale o sacrifício de andar
com os pés cortados ate teu colo debaixo do pé de ingazeira
sem prender quem quer partir.
Nesse conflito antigo a prisão da alma é a pior prisão que tem
como pode uma alma ficar presa por uma pele tão frágil?
Dói ver a alma querer partir em busca da liberdade e mal sabe que saindo da prisão
se dissipa sem levar a matéria essa será atacada com toda força pelos vermes.
Assim grande amor os ventos movem os moinhos nos prazeres das batalhas entremeadas por olhares com gumes de navalhas.
O coração como força motriz pulsante no abismo dos infernos celestiais
onde os fantasmas teimam riem e saltam como crianças.
Pelos cantos da casa cobras de cabeças de reluzentes te olham e mostram línguas libidinosas no espelho apragatado na parede refletindo a agonia.
A saudade perdida no tempo e nas águas do mar.
Os suspiros de quem viveu e sentiu o sabor do beijo e ficou embriagado pela loucura.
Os olhos sangram para fora nunca para dentro de jeito e maneira que só existe ir vivendo novas loucuras novos amores num futuro maravilhoso e cruel.
A solidão combustível para os versos de fantasmas e almas perdidas
a lindeza do presente é olhar para trás e os dedos em nada em nada mesmo
A não ser o vácuo do tempo e as danças Baquianas das sereias na beira do mar rindo
dos marinheiros encantados pelos seus cantos.
Agora homens e barcos cada qual no seu estaleiro a consertar suas avarias.
Dói a ausência da tua presença como um astro que brilha no escuro para além do alcance do olho do astrônomo sonhador que mergulha nas águas da loucura onde bebemos o enigma do que chamamos felicidade lá no fundo do açude onde estão guardados os fragmentos de cumplicidade dos poucos que chegaram tão perto das sereias solitárias do fundo do mar sargaço ou num açude do sertão.
Olhar o céu sem nuvens é como andar pelas areias dos desertos
A solidão assassina companhia que fica pela partida do grande amor.
O animal ferido sempre procura nas idas e vindas dos ventos minuanos que invadem
o agreste abrindo o peito.
A brisa suave penetra tão fundo tão fundo nos cortes que o frescor invade a alma escancarando novas portas entranha adentro e os monstros que viviam escondidos agora ficam na fachada da casa expondo suas cabeças pelos cortes.
Na mesa os pedaços da galinha que mais amávamos é servida a cabidela nos pratos de sangue bem temperados lambemos os beiços diante de tal delicia.
Não somos vampiros mas adoramos sangue desde que não seja o nosso.
O silêncio e o livro crucificado na parede.
A cama as aventuras das madrugadas as caixas onde guardávamos os segredos
secretos que revelam de como e porque matei o dragão da maldade salvei São Jorge.
Não falo nada para não distorcer a historia.
Quem viu sabe que ela mora no oco da gente se veste de preto usa bengala
anda mancando se faz de coitada só para nos enganar dizendo que os fantasmas
não retornam e neste caminho eles não te seguirão
Você não precisa correr da solidão ela esta dentro de você fria calma e triste.
Ela não suporta ver portas abertas como um personagem de Luís Buñuel
não suporta ver o fantasma da liberdade.
No caminho externo abrir o peito deixar a noite sair o dia entrar
e um imenso raio de luz despejar a primavera.
Em dias nublados ela ataca de forma feroz abaixa visibilidade favorece.
É sábado é fevereiro e algo insiste
A solidão resiste em vôos transatlânticos alguém ouve os sinos
nos primeiros toques do badalo mãos calejadas puxam a corda despertando os dormentes
por isso agradecem a Deus apertam o crânio de ressaca mas agradecem.
É fato que o fogo consome os dias e não é invenção é fato insônia existe
enquanto os fantasmas voam pelo teto.
Estamos no mar sem ter mar
Estamos no sono e não há sonho
Só o olhar cortando o luar como faca afiada a solidão prende fixa dói.
dói mais pesadamente quando os dias deixam o sol ir embora
não podemos voar com o vento leve que nos leve para as alturas
pro outro lado do mundo com asas e olhos cortando o luar.
Colher gerânios entre as pedras e suas raízes com um pente cósmico pentear os cabelos de fogo do sol dasarredondar a lua gritar com a força de todos os delírios.
Aos berros quebrar anjos de barro suspirar aliviado pela liberdade dos anjos
que não eram anjos mas atormentavam qualquer um com espadas de fogo.
As vezes as exs aparecem como uma nodoa grudada na camisa branca da lado esquerdo.
Ai descobrimos que o inferno existe e em tudo que os dedos tocam
queima a vida vira uma gruta escura sem qualquer fantasia
nem na beira do riacho da para a gente ir.
Ficamos proibidos de recuperar a cuia a correnteza é forte da medo de cair na vertical
e ser engolido na noite sem fim em queda livre.
- É preciso -
Recuperar a cuia da esperança e as águas antes que os sais do desejo sejam consumidos
- É preciso -
Recuperar as estrelas antes que a noite acabe as curvas do caminho
o fogo do monstro da gruta encantada queimar os olhos iluminar a noite
extrair coração do dia.
Olhar caramujos trocarem de cascas na beira do mar
conchas vazias depósitos de almas ocupadas por novos moradores
na beira do mar almas de caramujos em cascas grandes ficam perdidas
Pena caramujos não sabem o que é o orvalho ou andar de mão dadas
as vezes nem as almas se renovam ficam amargas e nem ao menos envelhecem
não são como os Caramujos que passam a vida construindo casas de cascas de calcário deixam pelo caminho na arte de construir ficam de alma cara e casa nova num sempre.
Os solitários encontram-se na praia vivem seus amores as vezes distantes.
A solidão dos caramujos não é compreendida e nunca esta longe
dos corte das palavras laminadas que cortam o brilho do sol.
Não é fácil viver nos desertos da terra ou das águas
de repente é coisa tola e ser tolo é coisa de quem ama
Quando um tolo ama faz tanta tolice de vez enquanto
a saga é solitária na beira do mar
tudo sai da beira do mar
tudo volta pra beira do mar
na beira do mar não piso na água
na beira do mar não avanço na terra
da janela o barco na solidão dos oceanos. Chico Canindé 01.07.05
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Biografia: Francisco Canindé da Silva.
Em Artes Chico Canindé. Tenho minha vida ligada as artes, teatro desde o começo dos anos 70.Nos oitenta comei a desenvolver a po-Ética d´s´águas e o teatro d´s´águas.Por fim acabei criando o concieto de hidrocidadania po-Ética d´s´águas teatro d´s águas hidrocidadania. Este é meu isntrumento de trabalho. vejam o blog
http://hidrocidadanianpteatrodsguas.blogspot.com/ |
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