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HISTÓRIA ELETRIZANTE
História Eletrizante
Henrique Pompilio de Araujo

Resumo:
Alguém conhece um peixinho que dá choques? Eu não conhecia e fiquei horrorizado com o que aconteceu certa vez.

HISTÓRIA ELETRIZANTE

          - Atenção, muita atenção! Senhores e senhoras! Hoje, somente hoje nesta praça, a banha do peixe elétrico. Um complexo poderoso para doenças. Um composto que acaba com tudo: sarna, sarampo, coceira, erisipela, furúnculos, reumatismo, ferida, tontura, dor de cabeça, fraqueza, dor na bexiga, nos rins, no útero, na próstata etc, etc.

          O homem da cobra acabara de chegar em Nortelândia. A gurizada toda animada, começou a chegar perto. Eu, como era guri, tinha já marcado o meu lugar de curioso. Guri é assim mesmo, não compra nada, mas é o primeiro a chegar, marcar o lugar e ficar enchendo o saco.

          - É isso aí mesmo, pessoal - gritava o homem da cobra - vamos se achegando e marcando o seu lugarzinho. Você vai ver coisas fantásticas, coisas de outro mundo. Coisas de que você jamais viu e vai ver. Um peixe diferente... - Epa! Não é mais cobra? - Pensei eu. Já virou peixe. E ele continuava: - um peixe diferente dos outros. Um peixe milagroso.

          Eu nunca tinha visto falar em peixe elétrico. Era a primeira vez que ouvia aquilo e ele continuava:

          - Basta a senhora passar um pouquinho de banha do peixe elétrico que sua doença será imediatamente curada.

          Conversa fiada - pensava eu. Há doenças que os médicos passam anos e não conseguem curar, imaginem se curar com uma banha de peixe um peixinho deste.

          Procurei muito ver o dito peixinho. Estava escondido numa caixa. Eu só conseguia ver frascos de remédios, ou supostos remédios.

          O homem falava, falava, falava, mas não estava conseguindo vender nada.

          - Um custa 3 e dois custam apenas 5 reais -dizia o homem. Comprando 3 a senhora leva um de graça. Se o senhor ou a senhora comprar dois, tem direito a levar um choquinho de graça.

          Só então ele abriu a tampa da caixa de ferro. Era uma caixa cheia de água. Cheguei mais perto e vi um peixinho pequeno como se fosse uma cobra, nadando na água.

          Mentira desgraçada - pensei - um peixinho deste tamanho vai dar choque em ninguém. História pra boi dormir. Esses homens da cobra, aliás do peixe, só faltam assaltar a gente por aí. Um peixinho daquele tamanho! Sou capaz de pegar meia dúzia em cada mão.

        - Olha aí, meus senhores, vamos comprar o remédio milagroso. Tão milagroso como o peixe elétrico. Está barato, muito barato. Quem comprar 2 tem o direito de levar um choquinho, comprando 3 leva dois choquinhos.

          Daí a pouco ele começou a vender os produtos, mas as pessoas meio ressabiadas compravam somente um. Ou com medo de não curar nada ou com medo de gastar o dinheiro à toa.

          Eu, doido pra ver alguém levar um choquinho daquele peixinho pra ver se era mesmo de verdade.

          Mais tarde um sujeitão forte comprou logo três frasquinhos e fazia questão de levar os dois choquinhos.

          Fiquei todo curioso, até que enfim eu ia ver o peixinho elétrico de mentira funcionar.

        O homem da cobra ajeitou o senhor bem no centro da roda, perto da caixa do peixe, pegou os dois plugues, colocou-os entre os dois braços do sujeito e pediu que ele fechasse os braços.

        Eu não perdia um detalhe do evento, agora eu ia desmascarar aquele safado do homem da cobra. Peixe elétrico...

        O homem ficou com os dois braços fechados e com os fios entre eles. As outras pontas do fio estavam no chão, enquanto o homem fazia sua propaganda.

        - Agora, meus senhores e senhoras, vou demonstrar a validade da banha do peixe elétrico. Este senhor comprou três frascos do remédio e merece levar os dois choquinhos. Observem bem, senhores e senhoras, a força deste peixinho.

        Pegou os fios, olhou bem para o homem, olhou para o peixe.

        O comprador olhava o peixe e parecia ter lá suas dúvidas. Estava calmo e parado, esperando o momento de receber o choquinho.

        De repente o homem da cobra ligou os dois fios no peixe.

        Truumm...O homem deu um solavanco, um pulo enorme, esbugalhou os olhos, soltou os fios, correu a uns dois metros do peixe, bufava e berrava:

        - Caramba! Isto lá é um choquinho? Isto é uma usina elétrica.

        O homem da cobra não se deu por achado e continuou:

        - A banha do peixe elétrico cura sarna, sarampo, mau olhado etc. Quem comprar três frasquinhos tem direito a levar dois choquinhos do peixe. Aquele senhor ali comprou 3, já levou um choquinho, tem direito a levar outro de graça. É um brinde da casa. Por favor, senhor, pode se achegar aqui de novo.

        - Se achegar aí?...Lá vou eu levar mais um choque desta bomba atômica nada.

        - O senhor tem o direito de levar outro choquinho de 150 volts, por favor, moço, venha tomá-lo de graça.

        - Quem vai tomar é a mãe, eu não.

        Saiu dali pisando duro e se mandou.

        Eu fiquei lá mais um pouco vendo se mais alguém iria se danar ali, mas não apareceu mais ninguém disposto.

        E eu, que pegava meia dúzia em cada mão, fui saindo de fininho, sem nem triscar em um peixinho, quanto mais pegar seis.

                                             


Biografia:
Henrique Pompilio de Araújo, nascido em Campo Mourão PR e radicado em Cuiabá MT. Começou a escrever desde cedo. Professor aposentado, bacharel em Direito e Teologia. Trabalhou em diversas escolas em Cuiabá e alguns jornais do Estado. Publicou sua primeira obra em 1977: Secos & Molhados - Poemas. Ultimamente publicou outros livros: "Flores do Além" Poemas, "Contos da Espiritualidade" - Contos, "Nas curvas da vida" Memórias, "Cinquenta contos" Contos. Há muitas obras ainda esperando edição.
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