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Um inimigo desconhecido
DIRCEU DETROZ

Com duas guerras mundiais separadas por apenas três décadas, ao término da segunda os aliados decidiram ir além de derrotar Hitler. O século vinte viu o alvorecer de uma nova ordem mundial com a Europa dividida em duas. Essa divisão historicamente é conhecida como “Cortina de Ferro”.

Uma nova guerra teve início. A “Guerra Fria”. Os combates foram da supremacia bélica às corridas nuclear e espacial. Toda a tecnologia desde o enriquecimento do urânio até a chegada do homem à Lua esteve envolvida nas batalhas travadas entre o império russo e os americanos apoiados pela Europa Ocidental.

Foi o auge da espionagem. Frederick Forsyth e John le Carré se esbaldaram de escrever best-sellers sobre espiões. Estranhamente os mocinhos eram sempre os do lado de cá da cortina. Os derrotados e vilões do lado de lá. Para se tornar um best-seller do lado Ocidental, os livros vindos detrás da “Cortina de Ferro” necessariamente tinham de criticar o comunismo. Um exemplo são as 500 páginas de “Arquipélago Gulag”, escrito por Alexander Soljenítsin publicado no Ocidente em 1973.

Com o inimigo conhecido, foram poucas as ocasiões em que essa guerra de ideologias provocou sérios abalos na ordem mundial. O mais importante deles aconteceu entre 16 e 28 de outubro de 1962, conhecido como a crise dos mísseis na Baía dos Porcos em Cuba. Os 13 dias em que o mundo esteve à beira de um confronto nuclear.

Com a Guerra Fria tecnicamente encerrada quando o império russo desabou, a ordem mundial entrou em evidência outra duas vezes. Uma quando o terrorismo derrubou as Torres Gêmeas nos Estados Unidos. O inimigo novamente era conhecido. A outra, a crise financeira que abalou todo o planeta em 2007-2008. O dinheiro fez a ordem mundial flertar com o colapso.

Mesmo que os holofotes atuais estejam sobre a pandemia, a ciência e nos que a negam, especialistas debatem teorias sobre a capacidade de um vírus abalar como nunca antes a ordem mundial na qual vivemos. Desta vez, o detalhe assustador é o inimigo ser um completo desconhecido e não escolher ideologia para se aliar.

Que o planeta será diferente no pós-pandemia há um consenso. Sabemos que a Covid-19 tem servida de pretexto para variados tipos de manipulação. A preferida do momento é a fake news. Especialistas, os políticos aprendem todas as estratégias para manipular os miseráveis e os ignorantes. Sabem as maneiras ideológicas de usar pilhas de mortos.

Com um agravante. A pandemia atacou os humanos num momento em que o planeta está repleto de governantes nada confiáveis. Já vimos que localmente alguns querem aproveitar a pandemia com a intenção de passar suas “boiadas”. A ordem mundial ficará perigosa se todos esses não confiáveis forçarem abrir suas porteiras!


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
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