Na série de insights da revista Veja, o quinto fala sobre as reflexões para 2021. Nele podemos ler vários artigos falando sobre o futuro pós-Covid. “Saúde pública é um ativo”, “Escutem os cientistas”, “As pestes na história” e “A Terra é uma só” são alguns deles. Seus autores, Jim O’Nill, Laura de Freitas, Joana Freitas e Robert Zubrin.
Depois que os humanos se deram conta dos estragos causados por um vírus invisível, o uso da palavra reflexão entrou para o vocabulário diário em todos os lugares do planeta. Temos uma estranha mania. Só lembramos de começar a refletir depois que as tragédias acontecem. É uma das características do nosso egoísmo.
Com curto prazo de validade, geralmente as nossas reflexões não nos levam a lugar nenhum. Como um papel velho, logo elas são jogadas no lixo existente nas mentes humanas. Às vezes, o nosso lixo está tão lotado que nem nos deixa refletir da maneira correta. Pior ainda, é buscar ajuda para “refletir” no lixo dos outros.
Para refletir é preciso deixar o egoísmo acorrentado num cadeado de muitas chaves com segredos. O que se vê é justamente o contrário. Enquanto a Covid-19 infecta e mata, o egoísmo humano continua perguntando: “E daí? O nosso egoísmo tem a capacidade de fazer coisas piores do que o vírus da Covid. Incluindo ajudar a matar.
Existem ainda outros agravantes nas reflexões. Não devemos e nem podemos refletir apenas como indivíduos únicos. Elas precisam abranger as necessidades de toda a humanidade. Isso raramente ocorre porque sempre vamos bater com a nossa cara no muro do egoísmo. Ele é intransponível e nunca será derrubado. Nosso egoísmo não tem a mínima noção do significado de humanidade.
Em todos os lugares sejam eles reais ou virtuais, é possível encontrar os “vendilhões de reflexões”. Com a possibilidade de negociar compras e vendas de reflexões vinte e quatro horas por dia. Esses vendilhões são facilmente encontrados travestidos de ideologias crenças, negacionismos e conspiração. Seus currais estão superlotados de adeptos.
Começar a refletir somente agora é um pouco tarde. Outra faceta do egoísmo é fazer os humanos se atrasarem naquilo que é necessário. Hoje o planeta estaria menos doente se as reflexões sobre suas doenças tivessem criados insights dois séculos atrás. Quando a pandemia do capitalismo começou.
No momento, refletir “sobre o futuro depois do coronavírus” como diz no insight da Veja é cair no lugar comum. Mesmo que não exista cura ou vacina, pede urgência iniciar uma reflexão sobre a pandemia do egoísmo humano. Não será um vírus. O principal ator da ruína da raça humana será o seu egoísmo.
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